O PDT deve expulsar os integrantes do movimento de extrema direita Nova Resistência, que estavam infiltrados no partido. O presidente do PDT, Carlos Lupi, afirmou que a presença de membros do grupo não é aceita na sigla, que tem Ciro Gomes como pré-candidato à presidência da República.
“Há cinco anos aprovamos em nosso partido que é proibida a dupla militância. Nenhum filiado pode participar de outro grupo político. Em sendo um grupo de extrema direita, pior ainda”, declarou, em entrevista a Lucas Neiva, no Congresso em Foco.
Lupi disse, também, que não tinha conhecimento sobre o Nova Resistência, apesar de os líderes do movimento tentarem ganhar espaço no PDT desde 2019.
O presidente do partido afirmou, ainda, que realizará uma busca dos nomes dos integrantes que tenham se filiado ao partido para “adotar providências imediatas”.
O movimento Nova Resistência foi criado em 2015 e defende a chamada Quarta Teoria Política, vertente russa da extrema direita.
Entre os membros do grupo que são filiados ao PDT está o próprio líder do movimento no Brasil, Raphael Machado. “Liberais de esquerda entraram no PDT para infiltrar suas ideologias em um partido incompatível. Alguns dos nossos entraram no PDT por afinidade ideológica e o fizeram abertamente”, disse Machado. “Há mais de 20 membros de nossa organização formalmente filiados ao partido”, acrescentou, em postagens nas redes sociais.
A vice-líder do Nova Resistência, Amaryllis Rezende, revelou que nunca houve tentativa dos integrantes filiados de esconder do partido a sua participação no movimento.
Catarina Leiroz, vice-diretora do Nova Resistência no Rio de Janeiro, inclusive, chegou a usar a camisa do movimento em um encontro do PDT em Recife (PE), onde ela e outros membros tiraram fotos com o ex-deputado Cabo Daciolo.
“Fico feliz que os simpatizantes da NR no PDT causem polêmica, porque ela é necessária. Logo o trabalhismo terá que escolher: ou assume seu legado anti-imperialista e popular, ou desaparece buscando acompanhar o progressismo histérico de um nicho que nunca lhe deu valor”, postou a vice-líder.
Quarta Teoria Política e seu criador
O filósofo e teórico Aleksandr Dugin, apontado como "guru" do presidente russo Vladimir Putin, é o criador da Quarta Teoria Política, onde propõe a superação das teorias políticas da modernidade: liberalismo, comunismo e fascismo.
Filho de um ex-militar de alta patente da União Soviética (URSS), o trabalho teórico de Dugin é um encontro de Orientalismo, Hermetismo, Teologia e Relações Internacionais. Além da influência sobre o governo de Putin, as teses de Dugin também influenciam os partidos de extrema direita, como o Vox (Espanha), Frente Nacional (França) e A Liga (Itália).
A esquerda europeia e a oposição russa classificam Dugin como o "Rasputin de Putin", em alusão ao místico russo que exerceu forte influência na dinastia Romanov, a última a controlar o império russo que caiu para dar lugar à União Soviética.
As teses do teórico russo estão próximas das ideias defendidas pela extrema direita brasileira, principalmente as da ala olavista, aquela que se inspira nos textos de Olavo de Carvalho, morto em janeiro de 2022.