GOVERNO BOLSONARO

Bolsonaro não acredita no próprio projeto de privatização da Petrobras: não vai pra frente

Durante a entrevista para a TV Band, o presidente acusou a estatal que ele quer privatizar de ter “uma ganância enorme” e uma margem de lucro “exagerada”

Jair BolsonaroCréditos: Isac Nóbrega/PR
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O presidente Jair Bolsonaro (PL) disse em entrevista ao canal Agro+, da Band nesta segunda-feira (6/6), que dificilmente a privatização da Petrobras vai para frente.  Durante a reportagem, o chefe do Executivo federal acusou a estatal que ele quer privatizar de ter “uma ganância enorme” e uma margem de lucro “exagerada”.

“A privatização da Petrobras é muito difícil. Conversei com o ministro das Minas e Energia, ele tem essa intenção, deu o pontapé inicial, mas dificilmente vai para frente isso. Correndo tudo certo, vai levar uns quatro anos. E você tem que modular isso aí, não pode simplesmente quem pagar mais levar”, afirmou ele em entrevista ao canal Agro+, da Band.

Bolsonaro admitiu que os preços dos combustíveis estão em patamares elevados, mas indicou que vários fatores interferem, entre eles a margem de lucro da Petrobras.

 

Aumento do diesel


A Federação Única dos Petroleiros (FUP) alertou na última sexta-feira (3) para o risco de o litro do óleo diesel atingir R$ 10 no segundo semestre do ano, acima dos atuais R$ 7, em média, com impactos ainda mais severos sobre a inflação e às vésperas da colheita da safra agrícola, quando aumenta a demanda pelo derivado.

“A crise está contratada”, afirma o coordenador-geral da FUP, Deyvid Bacelar, ao comentar a inoperância do governo do presidente Jair Bolsonaro diante da iminente ameaça à segurança nacional, provocada pela demora na tomada de decisões de importações e formação de estoques de diesel em tempo hábil.

Análises feitas pela área econômica da FUP indicam que estão dadas as condições para nova escalada de preços dos combustíveis,  com estoques globais em níveis historicamente baixos, resultando na valorização das cotações de referência e dos prêmios de exportação. 

 A gasolina e o diesel estão cerca de US$ 60 por barril acima do preço do petróleo.

Segundo projeções da FUP, o barril de petróleo poderá chegar à faixa de US$ 120 nos próximos dias. Também  não está descartada a possibilidade de atingir o pico de US$ 130/ US$ 140 no final de junho ou início de julho e de o crack spread (diferença entre o preço do barril de petróleo e o preço do barril do derivado) se valorizar ainda mais. 

Soma-se a isso o custo do frete, em torno de US$ 9,20 por barril de diesel importado do Golfo Arábico ou da Índia (únicos pontos disponíveis atualmente), para o Brasil, o que elevará o preço do derivado para US$ 196, até US$ 200. Se houver escassez de diesel no mundo, como já se anuncia, o crack spread poderá ser ainda maior.

Consultorias também prevêem o segundo semestre mais difícil, não somente pela temporada de furacões nos Estados Unidos (junho a novembro) – que traz incertezas no refino do Golfo Americano e maior volatilidade de preços – como também pelo aumento de demanda do derivado no Hemisfério Norte.

O dirigente da FUP entende que, mesmo sendo o Brasil muito exposto a importações de diesel, equivalentes a cerca de 25% do consumo doméstico, o governo Bolsonaro preferiu “empurrar com a barriga” o problema do abastecimento interno do produto.