ELEIÇÕES 2022

Alexandre de Moraes proíbe deputados e canais bolsonaristas de propagarem fake news sobre PCC e Celso Daniel

Presidente em exercício do TSE, Moraes declara que o deputado Otoni de Paula, que fez a ligação de Bolsonaro com irmãos de Marcelo Arruda, é responsável pela fake news: "liberdade de expressão como escudo para discurso de ódio"

Alexandre de Moraes e Bolsonaro.Créditos: Marcos Corrêa/PR
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Em decisão proferida no final da noite deste domingo (17), o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) e presidente em exercício do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), proibiu deputados e canais bolsonaristas de divulgarem fake news relacionando o PT ao PCC e ao caso Celso Daniel, além de um vídeo editado que busca associar Lula ao fascismo e ao nazismo.

"A Constituição Federal consagra o binômio 'LIBERDADE e RESPONSABILIDADE'; não permitindo de maneira irresponsável a efetivação de abuso no exercício de um direito constitucionalmente consagrado; não permitindo a utilização da 'liberdade de expressão' como escudo protetivo para a prática de discursos de ódio, antidemocráticos, ameaças, agressões, infrações penais e
toda a sorte de atividades ilícitas", diz Moraes em sua decisão.

Em negrito, o ministro afirma ainda que "liberdade de expressão não é Liberdade de agressão! Liberdade de expressão não é Liberdade de destruição da Democracia, das Instituições e da dignidade e honra alheias! Liberdade de expressão não é Liberdade de propagação de discursos mentirosos, agressivos, de ódio e preconceituosos!".

A sentença, que determina a "remoção imediata" dos conteúdos da internet, sob pena de multa diária de R$ 10 mil, cita o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho do presidente, e os deputados Hélio Lopes (PL-RJ), Carla Zambelli (PL-SP), o assessor especial de Bolsonaro, Max Guilherme Machado, o canal Dr. News no Youtube e o site Jornal da Cidade Online, que desde 2018 propaga fake news e discurso de ódio. A decisão ainda manda investigar os responsáveis pelos perfis “Titio 2021” do aplicativo “gettr"; perfil “Zaquebrasil”, da plataforma Getter; e Gilney Gonçalves.

"Marco importante no disciplinamento da campanha. O TSE está cumprindo o que prometeu: não permitirá o uso de fake news nas eleições", relataram à Fórum os advogados Eugênio Aragão e Cristiano Zanin, que fazem parte do corpo jurídico do PT, que moveu a representação.

Otoni de Paula

Na decisão, Alexandre de Moraes afirma que o deputado Otoni de Paula (PL-RJ) - que esteve em Foz do Iguaçu a mando de Jair Bolsonaro e fez a ligação telefônica com os irmãos de Marcelo Arruda, assassinado por um apoiador do presidente - é responsável direto pela fake news que tenta ligar o PT ao PCC e ao caso Celso Daniel.

"No vídeo divulgado pelo Canal “Dr. News”, da plataforma Youtube, o Deputado Federal Otoni Moura de Paulo Júnior promove uma ligação direta entre a morte de Celso Daniel e a “cúpula petista”, que supostamente aproveitava do dinheiro proveniente atividades criminosas praticadas pelo PCC. O Parlamentar chega a afirmar que “o mesmo STF que liberou o Lula, que liberou o Lula ladrão, é o mesmo STF que acolhe agora essa delação de Marcos Valério mostrando a sinergia do mal que havia entre o PT e o PCC”. Referido vídeo é acompanhado de texto que ratifica a desinformação, nos seguintes termos: 'Descobriram PROVAS do envolvimento de LULA, STF com PCC para Golpe milionário...'. Patente, portanto, a participação do Deputado Federal Otoni Moura de Paulo Júnior na disseminação das notícias fraudulentas veiculadas pelo 'canal de youtube DR News'”.

Moraes ainda proíbe a propagação das mesmas fake news nas redes "sob pena de multa de R$ 15.000,00 (quinze mil reais) pelo
descumprimento".