ASSÉDIO SEXUAL

Deputado bolsonarista é acusado de assédio: “aqui é igual o big brother. Só fica quem dá”

Daniel Donizet é acusado também de prática de rachadinha e omissão de socorro a uma prostituta que era espancada por um funcionário seu

O deputado distrital Daniel Donizet.Créditos: Carlos Gandra/CLDF
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Ex-funcionárias acusam o deputado distrital bolsonarista Daniel Donizet (MDB-DF) de assédio sexual e rachadinha. Ele também é acusado de omissão de socorro a uma garota de programa, que diz ter sido espancada por um funcionário dele.

As ex-funcionárias procuraram a Polícia Civil e o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios para relatar os casos de assédio.

A servidora Fabrícia Morais disse à Folha ter sido ameaçada pelo deputado por se negar a fazer sexo com ele. "Ele me disse: ‘Fabrícia, aqui é igual o big brother. Só fica quem dá'", afirmou.

Ela afirma ter sido exonerada por não ter cedido às investidas. Ela afirma que todos os funcionários do órgão eram indicados pelo parlamentar e que eram obrigados a participar dos seus atos de campanha, inclusive no horário de expediente.

Segundo ela, a primeira vez que ocorreu assédio foi durante uma festa. "Parecia um cachorro no cio. Ele chegou em mim bêbado e disse que pegava todas as meninas. Ele falou no meu ouvido isso."

Após alguns dias, em outra festa, afirma ter sido convidada para ir ao motel com ele. "Não fui. Fui exonerada porque não transei com ele", afirma.

"Uma colega me mostrou uma mensagem enviada por ele à 1h da manhã. Ela falou para mim que desligava o celular para não dar um não para ele porque estava com medo de perder o emprego", disse Fabrícia.

Outra ex-funcionária que não quis se identificar afirmou que também foi abordada pelo parlamentar em uma confraternização e que teve relação sexual com ele. Ela diz ter se sentido forçada a ceder por se tratar de seu chefe.

Rachadinha

Donizet foi eleito pelo PL e se mudou para o MDB recentemente. Ele foi alvo, em 2021 de uma operação da Polícia Civil e do Ministério Público local, que cumpriram mandados de busca e apreensão em seu gabinete. O inquérito contra ele apura a existência de funcionários fantasmas e a prática de rachadinha.

Em outra investigação, Donizet é acusado por uma prostituta que foi espancada por um assessor seu de omissão de socorro.

No Boletim de Ocorrência ela diz que o assessor bateu nela em um motel e que, na ocasião, Donizet estava no mesmo quarto e se recusou a ajudá-la.

"Eu pedindo para ele [o assessor] parar e ele não parava [...] e tirou a camisinha. Todos omitiram socorro, inclusive o Daniel Donizet", disse a mulher em depoimento à polícia.

Deputado nega tudo

Donizet afirmou por meio de nota que é inocente. "A defesa do deputado acompanha os procedimentos, mas esclarece que o parlamentar não foi indiciado em nenhum dos casos. Em razão de serem sigilosos, há impedimento legal para passar informações, sob penalidade de interferir nas investigações", diz.

Ele afirma ainda que "sempre se colocou à disposição das autoridades, bem como tem a certeza de que tudo será esclarecido, sendo ao final comprovado que não há qualquer envolvimento de sua parte nos fatos. Como seu histórico reforça, o deputado refuta quaisquer tipos de crimes e violência contra as mulheres".

Com informações da Folha