Bolsonaro é responsável por invasão de garimpeiros, avalia relatora da ONU

"Ele [Bolsonaro] é o chefe-de-estado e, ao fazer tais pronunciamentos nessa linha, então claro que esses grupos vão tentar controlar essas terras, invadir esses territórios", disse Victoria Tauli-Corpuz, relatora da ONU para os Povos Indígenas

Bolsonaro no encontro com supostos representantes indígenas (Reprodução)
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Segundo Victoria Tauli-Corpuz, relatora da ONU para os Povos Indígenas, Jair Bolsonaro é responsável pela invasão de terras no Amapá, que deixou um indígena Wajapi morto. Tauli-Corpuz crê que o governo deu margem para o tensionamento com as políticas e com o discurso que vem adotando. "Ele [Bolsonaro] é o chefe-de-estado e, ao fazer tais pronunciamentos nessa linha, então claro que esses grupos vão tentar controlar essas terras, invadir esses territórios", disse em entrevista a Jamil Chade, do Uol Na avaliação da relatora, os interesses econômicos sobre essas terras são grandes, com a "abertura" dada por Bolsonaro, os garimpeiros avançam. "Um dos elementos é o fato de que o presidente tem feito anúncios de que terras indígenas podem ser usadas para atividades produtivas. Essa é uma das razões que explica a situação, além dos interesses econômicos sobre essas terras", avaliou. Tauli-Corpuz cobrou uma atuação contra as invasões. "As autoridades precisam enviar pessoas à região e impedir que os invasores tomem as terras. Trata-se de um ato ilegal e, portanto, é de responsabilidade do governo proteger o território", disse. Bolsonaro declarou nesta segunda-feira que o indígena não foi assassinado e que vai “mostrar a verdade sobre isso aí”. A política de exploração da mineração nas terras indígenas anunciada por Jair Bolsonaro (PSL) – que tem gerado uma espécie de “corrida do ouro”, com invasões e matança nas aldeias – tem um objetivo claro: conquistar votos na Comissão de Relações Exteriores (CRE) do Senado para aprovar o nome de Eduardo Bolsonaro para a embaixada brasileira em Washington. A relatora da ONU ainda comentou sobre a necessidade de um compromisso global em defesa da Amazônia, que "não é apenas um assunto do Brasil" e crê que "a comunidade internacional tem um papel a desempenhar nisso". Tauli-Corpuz, que já criticou as políticas do governo Dilma, avaliou que a dimensão agora é outra: "o que vemos agora é algo abrangente, com invasões. A extensão do que ocorre é outra".