Bolsonaro usa caso de bailarina do Faustão e fomenta discórdia entre governador e vice de SC

Carlos Moisés, que sofre processo de impeachment no Estado, está sendo atacado por bolsonaristas que apoiam agora a vice, Daniela Reinehr, ainda aliada do presidente

Cartaz de campanha de Carlos Moisés em 2018 (Reprodução)
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Jair Bolsonaro usou a prisão da bailarina Natacha Horana, do Domingão do Faustão, na live desta quinta-feira (24) para fomentar a discórdia entre o governador, Carlos Moisés, e a vice, Daniela Reinehr, ambos do PSL, que romperam após o mandatário estadual assinar uma nota com outros 20 governadores em defesa da democracia e cobrando um posicionando do presidente.

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"O segundo caso ai, de uma casa de uma bailarina, de quem? Santa Catarina", diz Bolsonaro, fingindo desentendimento. "O governador de Santa Catarina se elegeu usando meu nome, a exemplo do Rio de Janeiro, e depois não sei o que deram (SIC) na cabeça das pessoas e resolveram me atacar. E Santa Catarina é um estado que está sofrendo muito por ações desse tipo por parte do governador que é, se não me engano é comandante do Corpo de Bombeiros, o comandante Moisés, se não me engano", complementa, sinalizando desconhecer o ex-aliado.

Moisés, que sofre processo de impeachment no Estado, está sendo atacado por bolsonaristas que apoiam agora a vice, Daniela Reinehr, ainda aliada do presidente.

Em recente entrevista à CBN local, Daniela disse que se sente traída pelo governador. "Sendo bem honesta, me sinto [traída]. Houve um distanciamento muito grande do que foi proposto", afirmou ela, citando a assinatura da carta com críticas a Bolsonaro como motivo principal do rompimento.

"A partir deste posicionamento ficou mais claro do que nunca a diferença de pensamento. Fico muito surpresa, não canso de ser surpreendida. Se apresentou uma proposta que eu também defendi e depois o distanciamento da proposta tem se tornado evidente. Isso não é uma oposição ao governo do estado, à instituição. Mas existem algumas circunstâncias que não dá pra concordar", disse ela.

Moisés e Daniela foram eleitos em 2018 pelo PSL, na onda do "17" que levou Jair Bolsonaro à presidência. As divergências começaram a partir do momento em que Carlos Moisés passou a adotar, na condução do Estado, um rumo e um perfil diferentes dos adotados por Bolsonaro no Planalto. Perguntada se sentia-se traída, a vice-governadora respondeu positivamente.