Criticado duramente por governistas e liberais, como o ministro da Economia, Paulo Guedes, por fomentar a indústria nacional durante a crise de 2008, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) pode dispor até R$ 100 bilhões de suas reservas de segurança para apoiar o setor privado no aprofundamento da crise econômica.
Desse valor, cerca de R$ 22 bilhões seriam da entrada de dinheiro em caixa que se deu nos últimos meses com a venda de ações ordinárias da Petrobras.
Segundo reportagem do Valor Econômico - jornal da família Marinho que propaga a tese neoliberal na Economia -, "essa folga de caixa demonstra, segundo economistas, que existe espaço para uma atuação mais forte dos bancos públicos (BNDES, Caixa e Banco do Brasil) no crédito".
Segundo o jornal, o dinheiro do banco estatal pode ser usado pelas empresas "para capital de giro, alongamento de dívidas e concessão de maiores prazos de carência nos empréstimos".
Para defender a tese, o jornal da família Marinho escalou Ricardo Ramos, que foi diretor do banco no governo de Michel Temer e concorre agora a uma vaga no conselho de administração representando os empregados. "“Capital de giro agora é transfusão de sangue para as empresas", disse ele, defendendo a oferta de capital.
Otaviano Canuto, ex-diretor-executivo do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial, também defende a tese, ressaltando porém que isso deve ser feito “sem perder de vista a trajetória, o objetivo que foi desmontar o excessivo e brutal tamanho do banco”.
Novo
Os liberais do Partido Novo também defendem uma intervenção estatal no mercado diante da crise econômica. Em entrevista ao jornal, o deputado federal Alexis Fontayne (Novo-SP), disse não "ser contra a intervenção" e admite que nem sempre o mercado "resolve tudo", como prega.
“Como liberal, a gente sempre acha que o mercado resolve, mas muitas vezes a consequência até o mercado resolver é mais dolorida do que fazer uma intervenção e depois acertar. Eu não sou contra [a intervenção]”, disse.
Para o parlamentar do Novo, Guedes poderia "abrir uma licença poética" para intervir na economia.
“Paulo Guedes teria de dar uma virada de mão, mas é circunstancial e ele teria como justificar isso. Seria como abrir uma licença poética para poder resolver um momento de liquidez imediata, de dólar disparando”