Candidatura Lula é a maior arma para derrotar o golpe

Escrito en POLÍTICA el
"A classe dominante não tem nenhuma dúvida de que interditar Lula é condição para avançar na agenda ultraliberal e ultraconservadora. Pode haver diferenças na tática (se é possível ou conveniente tirar o ex-presidente das eleições, ou até mesmo prender Lula, ou se é melhor tentar derrotá-lo nas urnas),  mas  as elites compartilham do diagnóstico de que o maior obstáculo à continuidade do golpe é o líder petista". Leia mais no artigo da semana de Julian Rodrigues  Julian Rodrigues* As violações ao processo legal e as arbitrariedades de Moro na sua caçada contra Lula são evidentes para um número cada vez maior de pessoas.  Enquanto o governo ilegítimo avança em velocidade alucinante em sua agenda de desmonte das políticas sociais e retirada de direitos, a nova etapa do golpe se inicia: impedir Lula de ser candidato a presidente. Muito setores  democráticos , progressistas e alguns setores de esquerda, embora critiquem a perseguição à Lula, tem dúvidas sobre a conveniência de sua candidatura ou sobre a centralidade da luta contra sua inabilitação eleitoral. Por outro lado, a classe dominante não tem nenhuma dúvida de que interditar Lula é condição para avançar na agenda ultraliberal e ultraconservadora. Pode haver diferenças na tática (se é possível ou conveniente tirar o ex-presidente das eleições, ou até mesmo prender Lula, ou se é melhor tentar derrotá-lo nas urnas),  mas  as elites compartilham do diagnóstico de que o maior obstáculo à continuidade do golpe é o líder petista. O patrimônio simbólico, político e eleitoral de Lula é uma reserva de força gigantesca da classe trabalhadora e do povo brasileiro. Independente das críticas necessárias às limitações da estratégia e dos governos encabeçados pelo PT e sem descuidar do fundamental debate de programa, o fato é que a melhor – ou única – chance de derrotar o bloco golpista no curto prazo passa pela campanha e vitória de Lula nas eleições de 2018. Aliás, nem mesmo a realização das eleições no ano que vem estão asseguradas nesse momento. Tudo vai depender do desenrolar da luta de classes, da batalha nas ruas, da resistência popular. Lula é o grande bode na sala de jantar do andar de cima. Enquanto o nordestino estiver vivo, com saúde, livre, fazendo política, a burguesia sabe que tem limites para impor sua vontade, que não é possível implantar seu projeto sem resistência de massas, sem um líder popular para enfrentá-los. Eleição sem Lula é fraude Essa é a palavra de ordem central hoje, junto com #DiretasJá e #NenhumDireitoAMenos. A razão é simples: eventual proibição da candidatura Lula seria o rompimento com o que resta de legalidade institucional depois do golpe de 2016. Significa que as classes dominantes não aceitarão nenhuma pactuação democrática, não admitirão nem ao menos a hipótese de serem derrotadas em eleições diretas. Daí que todos setores não golpistas estão chamados à construção dessa ampla frente democrática pela democracia, que se materializa, nesse momento, na defesa de Lula. Uma eventual ausência da candidatura Lula não beneficia o PSOL ou setores à esquerda, nem mesmo fortalece Ciro Gomes ou setores de centro. Apenas evidenciará o óbvio: a disputa eleitoral será um jogo de cartas marcadas. Não é para valer. Vai ganhar o candidato ungido pela grande burguesia, pelo rentismo, pela Globo, pelos interesses norte-americanos. Alguns podem perguntar: mas a luta contra a reforma trabalhista e contra a reforma da previdência não tem maior potencial mobilizador e não dialogam melhor com os trabalhadores nesse momento de massacre midiático contra o PT e Lula? Sim e não.  Por que a luta pontual contra as medidas do golpe é insuficiente : há que  se resistir e propor ao mesmo tempo. É preciso apontar um horizonte de mudanças acurto prazo. As pessoas têm que enxergar possibilidades  reais de saída da crise, um projeto de país, a volta do crescimento econômico, dos empregos. Senão, crescerá a antipolítica, a desilusão e a extrema-direita. Ou seja: só um projeto articulado e nítido que apresente uma alternativa concreta pode nos levar a construir uma nova maioria política. E não existe projeto em abstrato.  Lula é a personificação de um rumo diferente.  Simboliza, para grandes massas populares, a volta dos “bons tempos”. É o contraponto a tudo que representa o governo Temer. A campanha Lula-Presidente, que já começou,  tende a ser o principal movimento político-social de resistência ao golpe nos próximos meses.  As mobilizações, manifestações, greves, atos das Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo devem ser intensificadas. Mas somente a pauta da defesa da democracia e da candidatura Lula dará sentido estratégico à resistência contra as reformas, mesmo que nem todos esses  setores venham a apoiar o candidato petista no primeiro turno. Guilherme Boulos, por exemplo, sabe disso e esteve presente no ato da Paulista, no dia 12, e fez forte denúncia da sentença de Moro. Às ruas, pela democracia, por Lula: dia 20, 17h, no Masp,  em São Paulo.   *Julian Rodrigues, ativista LGBT e dos DH é militante do PT-SP