Casamento de Bolsonaro e Guedes "não é amor sincero, mas funciona", diz criador do Plano Real

Ex-presidente do Banco Central no governo FHC, atualmente no Partido Novo, Gustavo Franco defendeu a política liberal de Paulo Guedes em debate com os colegas Armínio Fraga e Pérsio Arida, que criticam a "timidez" das reformas

Gustavo Franco, ex-presidente do Banco Central e um dos criadores do Plano Real (Divulgação)
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Ex-presidente do Banco Central no governo FHC e um dos criadores do Plano Real, Gustavo Franco, elogiou a política ultraliberal do governo e disse que "por enquanto", o casamento “arranjado” entre Jair Bolsonaro e o ministro da Economia, Paulo Guedes, está funcionando. “Se você olhar para as entregas combinadas, não dá para se queixar. Os dois lados do casamento estão funcionando, tem um pouco de instabilidade, não é amor sincero, mas funciona", disse o ex-tucano abrigado no Partido Novo, em debate com Armínio Fraga e Pérsio Arida, que também presidiram o BC no governo neoliberal de Fernando Henrique Cardoso, em evento do banco Credit Suisse. Para os colegas liberais, no entanto, Bolsonaro é menos liberal na economia do que supõe seu discurso. Para Arida, que atualmente integra o Conselho Acadêmico do Livres - um dos movimentos políticos ultraliberais no Brasil -, o processo de privatização no governo, por exemplo, é uma "enganação". “É uma enganação se você contar como privatização a venda de subsidiárias ou de participação de estatais. Nesses casos, o que está acontecendo é uma reorganização dos ativos estatais, o dinheiro para o caixa da companhia”, afirmou. Em relação às reformas, Arida se mostrou decepcionado com a "timidez" e a velocidade com que elas estão sendo tocadas. "As propostas já enviadas ao Congresso são tímidas em si e certamente serão diluídas se forem aprovadas. Considerando o ímpeto inicial do governo e legitimidade que as reformas têm perante o Congresso, [os resultados] são de uma timidez surpreendente", afirmou. Já Fraga defende aumento de impostos para a criação de uma "ampla rede de proteção social". “Além de o Brasil ser um país muito desigual e de essa desigualdade não ser baseada no esforço e no mérito, há pouca mobilidade social e isso piorou nos últimos 30, 40 anos”, disse o economista, que ficou 4 anos à frente do BC nesse período.