Diferença salarial entre homens e mulheres aumenta pela primeira vez em 23 anos, diz pesquisa

Segundo pesquisa da Oxfam Brasil, desde 2002, quando o ex-presidente Lula (PT) foi eleito para seu primeiro mandato, o índice de Gini da renda familiar per capita vinha caindo a cada ano, o que não foi observado entre 2016 e 2017, quando ficou estagnado

Rio de Janeiro - Moradores do Complexo da Maré vivem expectativa de mudanças sociais. Conjunto de barracos à beira de um canal conhecido como favelinha da Mc Laren (Fernando Frazão/Agência Brasil)
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[caption id="attachment_145041" align="alignnone" width="700"] Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil[/caption] Uma pesquisa realizada pela Organização Não Governamental Oxfam Brasil e divulgada nesta segunda-feira (26) aponta, entre outros retrocessos de indicadores sociais, que, pela primeira vez em 23 anos, a renda das mulheres caiu em relação à dos homens. Em 2016, as mulheres ganhavam 72% do que recebiam os homens – em 2017, essa proporção recuou para 70%. No ano passado, a renda média de mulheres foi de R$ 1.798,72, enquanto a de homens, de R$ 2.578,15. Esses dados integram o relatório “País Estagnado”, que mostra, também, que a pobreza aumentou e a desigualdade deixou de diminuir no país pela primeira vez em 15 anos, entre outros péssimos indicadores. Fórum precisa ter um jornalista em Brasília em 2019. Será que você pode nos ajudar nisso? Clique aqui e saiba mais Houve piora, ainda, na queda da desigualdade de renda entre negros e brancos. Em 2016, os negros ganhavam em média R$ 1.458,16, o equivalente a 57% dos rendimentos médios dos brancos. Em 2017, esse percentual ficou ainda menor, passando para 53%. Segundo pesquisa, desde 2002, quando o ex-presidente Lula (PT) foi eleito para seu primeiro mandato, o índice de Gini da renda familiar per capita vinha caindo a cada ano, o que não foi observado entre 2016 e 2017, quando ficou estagnado. O índice Gini mede o grau de concentração da distribuição de renda domiciliar per capita de uma determinada população e em um determinado espaço geográfico. “O país estagnou em relação à redução das desigualdades, e o pior: podemos estar caminhando para um grande retrocesso”, disse, em nota, Katia Maia, diretora-executiva da Oxfam Brasil.

Entre 2016 e 2017 o Brasil se manteve no mesmo patamar do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), seguindo na 79ª posição em um ranking de 179 países. O indicador com maior impacto negativo foi o de renda, que registrou queda sobretudo nas menores faixas.

Pontos negativos da pesquisa O número de pobres cresceu 11% em 1 ano, atingindo 15 milhões de brasileiros 2017 (7,2% da população); rendimentos do trabalho dos 10% de brasileiros mais ricos cresceram 6% de 2016 para 2017; já entre os 50% mais pobres, a renda caiu 3,5%; rendimento médio do 1% mais rico é 36,3 vezes maior que o dos 50% mais pobres; pela primeira vez em 23 anos, a renda média das mulheres caiu em relação à dos homens, de uma proporção de 72% para 70%. A diferença salarial entre negros e brancos também aumentou: em 2017, negros ganhavam em média 53% dos rendimentos médios de brancos, ante 57% em 2016; o volume de gastos sociais no Brasil retrocedeu ao patamar de 2001; pela primeira vez desde 1990, o Brasil registrou alta na mortalidade infantil, que subiu de 13,3, em 2015, para 14 mortes por mil habitantes em 2016. Acompanhem aqui o relatório completo Agora que você chegou ao final deste texto e viu a importância da Fórum, que tal apoiar a criação da sucursal de Brasília? Clique aqui e saiba mais