Em artigo, Mourão chama manifestantes antifascistas de baderneiros e critica STF

Sem citar o nome, o vice ainda critica o ministro Celso de Mello e o chama de intelectualmente desonesto

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
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O vice-presidente da República, general Hamilton Mourão, publicou artigo no jornal O Estado de S.Paulo, na manhã desta quarta-feira (3), onde faz coro às falas do presidente Jair Bolsonaro (Sem Partido-RJ) e critica o Supremo Tribunal Federal (STF), chama as manifestações antifascistas de antidemocráticas e ataca a oposição.

No texto, republicado na página de Discursos e Pronunciamentos da Presidência da República, Mourão afirma que “a apresentação das últimas manifestações contrárias ao governo como democráticas constitui um abuso, por ferirem, literalmente, pessoas e o patrimônio público e privado, todos protegidos pela Democracia”.

Para ele, os que participaram das manifestações são “delinquentes” e “umbilicalmente ligados estão ao extremismo internacional”. Mourão diz ainda que “é um abuso esquecer quem são eles, bem como apresentá-los como contraparte dos apoiadores do governo na tentativa de transformá-los em manifestantes legítimos. Baderneiros são caso de polícia, não de política”.

Mourão diz, portanto, que não se dirige aos manifestantes, segundo ele “sempre perdidos de armas na mão", mas sim “aos que os usam, querendo fazê-los de arma política; àqueles que, por suas posições na sociedade, detêm responsabilidades institucionais”.

O vice-presidente pergunta ainda se “é lícito usar crimes para defender a Democracia? Qual ameaça às instituições no Brasil autoriza a ruptura da ordem legal e social? Por acaso, supõe-se que assim será feita algum tipo de justiça?”

Mourão ainda nega o racismo e o autoritarismo no Brasil: “A formação de nossa sociedade, embora eivada de problemas contra os quais lutamos até hoje, marcadamente a desigualdade social e regional, não nos legou o ódio racial e nem o gosto pela autocracia. Todo grande país tem os seus problemas, proporcionais a seu tamanho, população, diversidade e complexidade. O Brasil os tem, não precisa importá-los”.

Para ele, “é forçar demais a mão associar mais um episódio de violência e racismo ocorrido nos Estados Unidos com a realidade brasileira. Como também tomar por modelo de protesto político a atuação de uma organização nascida do extremismo que dominou a Alemanha no pós-Primeira Guerra Mundial e a fez arrastar o mundo a outra guerra”.

A seguir, sem citar o ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), ele afirma que “tal tipo de associação, praticada até por um Ministro do STF no exercício do cargo, além de irresponsável, é intelectualmente desonesta”.

Ao final, o vice ataca a imprensa e nega qualquer forma de tendência autoritária por parte do governo: “lendo-se as colunas de opinião, comentários e até despachos de egrégias autoridades, tem-se a impressão que sessentões e setentões nas redações e em gabinetes da República resolveram voltar aos seus anos dourados de agitação estudantil, marcados por passeatas das quais eventualmente participaram e pelas barricadas em que sonharam estar”.

Pra encerrar, Mourão volta a culpar administrações anteriores, lê-se, as do PT: “se o País já enfrentava uma catástrofe fiscal herdada de administrações tomadas pela ideologia, ineficiência e corrupção, agora, diante da social que se impôs com a pandemia, a necessidade de convergência em torno de uma agenda mínima de reformas e respostas é incomensuravelmente maior. Mas para isso é preciso refletir sobre o que está acontecendo no Brasil”.