Estadão pede a cabeça de afilhado de Moro

O jornal lembra que durante o motim ilegal de PMs no Ceará elogiado pelo marido de Carla Zambelli, “foram registrados 220 assassinatos”

Diretor da Força Nacional coronel Antônio Oliveira (Foto: Divulgação/Facebook)
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O Estadão, em editorial publicado nesta quarta-feira (4), foi pra cima e pediu a demissão do diretor da Força Nacional de Segurança Pública, coronel Aginaldo de Oliveira, marido da deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP) e afilhado do ministro da Justiça Sérgio Moro.

Para o jornal, a sua conduta “é simplesmente inadmissível”. Aginaldo apoiou os policiais militares (PMs) que se amotinaram no Ceará. O texto lembra que “enviado pelo governo federal para garantir o policiamento e a ordem pública no Estado durante a ilegal greve de policiais militares, o coronel Oliveira dividiu palanque com as lideranças do movimento e elogiou a atuação dos amotinados. ‘Os senhores se agigantaram de uma forma que não tem tamanho. É o tamanho do Brasil que vocês representam’, disse o diretor da Força Nacional, não por acaso oficial superior da amotinada PM do Ceará”, lembrou o Estadão.

O editorial diz ainda que, “como se fosse um líder sindical, o diretor da Força Nacional bradou: ‘Vamos conseguir. Sem palavras para dizer o tamanho da coragem que vocês têm e estão tendo ao longo desses dias’.

O Estadão lembra que “o apoio do diretor da Força Nacional aos grevistas é manifestamente ilegal. Não cabe a policial militar fazer greve. ‘Ao militar são proibidas a sindicalização e a greve’, diz a Constituição. Entre os crimes contra a autoridade e a disciplina militar, o Código Penal Militar destaca o motim”.

O texto alerta ainda que, em consequência do movimento elogiado pelo diretor da Força Nacional, “230 policiais militares foram afastados de suas funções por 120 dias e respondem a processos administrativos. Os agentes poderão ser expulsos da corporação. No entanto, receberam o elogio do coronel Oliveira”.

O jornal recorda que durante o motim de 13 dias “foram registrados 220 assassinatos, o maior número para o mês de fevereiro dos últimos cinco anos”.

“É estarrecedor, portanto, o elogio do diretor da Força Nacional aos amotinados. Ainda mais absurda, no entanto, é a atitude do governo federal, mantendo-o no cargo, como se a conduta do coronel Oliveira não tivesse nada de anormal. Casado com a deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP), que apoia o presidente Jair Bolsonaro, o coronel Oliveira é subordinado ao secretário nacional de Segurança Pública, general Theophilo Gaspar de Oliveira, lembra o editorial.

O jornal encerra pedindo a sua cabeça: “o coronel Aginaldo de Oliveira deve ser afastado imediatamente da chefia da Força Nacional e cobrado por sua atitude irresponsável. De outro modo, o governo federal, aí incluído o Ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, contribuirá acintosamente para a continuidade da nefasta conivência do poder público com a ilegalidade, que tanto mal causa ao País”.