Ex-deputado que ganhou comando do PP para votar pelo impeachment de Dilma é preso com R$ 2 milhões em caixas de TV

Adail Carneiro, apontado como chefe da organização criminosa que atua no Ceará e Rio Grande do Norte, está no PSD, partido que faz parte da base de apoio a Jair Bolsonaro

Adail Carneiro (Montagem)
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O ex-deputado federal Adail Carneiro, um dos líderes do PSD - partido da base de Jair Bolsonaro - no Ceará, será transferido para um presídio após a Justiça determinar prisão preventiva nesta sexta-feira (20), um dia depois que ele foi flagrado com R$ 2 milhões em dinheiro guardados em caixas de aparelhos de televisão durante a operação KM Livre, que investiga desvio de recursos públicos, fraudes em licitações e lavagem de dinheiro.

Adail Carneiro ficou conhecido nacionalmente por mudar de posição e votar a favor do impeachment da ex-presidenta Dilma Rousseff (PT) em 2016.

Após aderir ao golpismo, Carneiro foi conduzido por Ciro Nogueira, presidente do PP, ao comando da sigla no Ceará. Para isso, Nogueira destituir, na época, a direção regional do partido, que até então apoiava o governo estadual conduzido por Camilo Santanda (PT). O gesto foi um prêmio a Carneiro por votar pelo impeachment.

Na justificativa do voto pelo impedimento da presidenta, Carneiro pediu desculpas ao ex-presidente Lula, a Dilma, a Camilo Santana e ao ex-governador do Ceará e ex-ministro Cid Gomes, e disse que estava atendendo a apelos e pressões de seus eleitores e à decisão de seu partido. O PP puniu todos os deputados que votaram contra o impeachment.

Prisão
Carneiro é o principal investigado na operação KM Livre e foi preso por lavagem de dinheiro. Durante a ação, a PF encontrou os R$ 2 milhões em uma empresa operada pelo ex-deputado.

Ele foi preso durante o cumprimento de um dos 27 mandados de busca e apreensão em Fortaleza e em cidades de mais dois estados - Rio Grande do Norte e Rio de Janeiro, onde foram apreendidos valores em euro e ouro.

De acordo com a Polícia Federal, o esquema já movimentou cerca de R$ 600 milhões em licitações públicas. A PF informou que havia repasse de verbas públicas para as contas das empresas que utilizavam 'laranjas' para participarem de um mesmo certame, forjando uma concorrência fictícia.