Ex-presidente de partido cristão que apoiou golpe contratou prostitutas com dinheiro público

“Eu dei dinheiro da fundação para comer as puta… Conversa dela. Falei assim: Dei mesmo, e comi. Qual o problema? E agora? Vai fazer o que comigo?”, disse Vitor Nósseis em gravação

Vitor Jorge Abdala Nósseis. Foto: Reprodução de Vídeo/O Globo
Escrito en POLÍTICA el
Fundo Partidário é dinheiro público. É constituído por dotações orçamentárias da União entre outras fontes. Pois é justamente este recurso que o fundador e ex-presidente nacional do Partido Social Cristão (PSC), Vitor Jorge Abdala Nósseis, é investigado pelo Ministério Público de Minas Gerais por suspeita de ter desviado para pagar prostitutas. O próprio partido foi quem entregou ao MP mineiro e à Polícia Federal, ainda em 2017, uma gravação em que Nósseis afirma ter usado o dinheiro para “comer putas”. O diálogo do áudio, revelado pelo jornal O Globo, faz parte da prestação de contas de 2017 do partido entregue ao TSE. Na gravação, Nósseis afirma ter conhecimento de uma “fofoca” de que teria dado dinheiro da fundação para “comer as puta”. “Diz que eu dei dinheiro, né? Eu dei dinheiro da fundação para comer as puta… Conversa dela. Falei assim: Dei mesmo, e comi. Qual o problema? E agora? Vai fazer o que comigo? Dei, mas elas se formaram. Recuperei elas todas pra vida”, diz o ex-dirigente partidário. Ele também cita dois nomes, “Samanta” e “Keila”, afirmando que elas “viraram gente” na Europa. Os recursos do fundo eram originalmente destinados à Fundação Instituto Pedro Aleixo (Fipa), entidade vinculada ao partido até o ano passado. PSC apoiou 100% o golpe contra Dilma O partido de Nósseis, o PSC, apoiou o golpe contra Dilma Rousseff, em 2016. No próprio vídeo divulgado pelo Globo, há uma montagem em que ele fala contra a hipocrisia e o PT: “Que país é este? O falso trabalhismo petista institucionalizou e estatizou a mentira, a mistificação, o engodo, a hipocrisia e o crime”, disse. Aliado do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o líder do PSC André Moura (SE), fez vários elogios ao então vice-presidente, Michel Temer, ao falar para o jornal Valor Econômico, na época do processo, para justificar a decisão da sigla de apoiar o impeachment. "Ele contará com o apoio desta Casa. Temer reúne todas as condições morais para governar o país", opinou. O PSC, disse o líder, "vota 100% sim. Estamos vivenciando o maior escândalo da história republicana brasileira. O governo é comprometido com o malfeito e avesso ao diálogo". Nósseis foi expulso do partido A sigla afirma que o ex-presidente nacional foi expulso no ano passado e que a fundação também não tem mais ligação com o PSC. Nósseis, fundador do partido e presidente do PSC por 30 anos, entre 1985 e 2015, afirmou ao jornal que a gravação é “clandestina e apócrifa”, manipulada a pedido do atual presidente do PSC, pastor Everaldo. O atual manda-chuva da legenda foi candidato à Presidência da República em 2014. O partido tem complicações com denúncias e prestação de contas desde 2015. Naquele ano, com a determinação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de que as prestações de contas das siglas deveriam explicitar recursos destinados e gastos efetuados pelas fundações, a Fipa deixou de entregar documentos e de cumprir prazos legais. No ano passado, os repasses para a fundação foram suspensos a pedido do próprio PSC. Com informações do Globo e Congresso em Foco