Exclusivo: No dia do depoimento de Queiroga na CPI do Genocídio, site do governo Bolsonaro bate recorde de alterações

Em meio aos questionamentos da comissão, Ministério da Saúde tirou do ar documento que orientava médicos sobre uso da cloroquina

Foto: Agência Senado
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O portal do governo federal registrou recorde no número de alterações no dia em que o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, foi depor na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19, que investiga as ações e omissões do governo Bolsonaro na pandemia.

Segundo a plataforma WayBack Machine, banco de dados digital que contabiliza versões arquivadas de páginas na internet, o portal do governo federal sofreu 1.648 alterações na última quinta-feira (6), dia em que o ministro foi interrogado no Senado. O segundo maior número é de 9 de março, quando foram feitas 790 alterações no site do governo.

Apenas no portal do Ministério da Saúde, foram feitas 461 alterações no dia do depoimento do ministro, o segundo maior número de 2021. Na véspera da ida de Queiroga ao Senado, as mudanças também foram expressivas: 405. No dia 9 de março, o portal da pasta sofreu 593 alterações, o maior número do ano.

Uma das alterações que o Ministério da Saúde realizou em seu site nos últimos dias foi retirar do ar um documento que servia como base para a prescrição de cloroquina a pacientes com Covid-19. O medicamento não tem eficácia comprovada contra a doença.

Inicialmente, no dia 5 de maio, a pasta impossibilitou o acesso ao documento em seu site. Já na sexta-feira (7), a página com as informações de "Manejo clínico e tratamento" no site do Ministério da Saúde saiu do ar. A informação é do jornal O Globo.

"Grande decepção"

Para senadores da oposição, o depoimento Marcelo Queiroga na CPI deixou sem respostas as perguntas do colegiado sobre o chamado “tratamento precoce” contra a Covid-19, método sem eficácia que foi defendido e financiado pelo governo Bolsonaro ao longo da pandemia.

O presidente da CPI, Omar Aziz(PSD-AM), chegou a afirmar neste domingo (9) que a postura do ministro foi uma "grande decepção". Segundo o senador, Queiroga "com certeza" será reconvocado para falar mais uma vez à CPI.

O argumento central utilizado por Queiroga para desviar das perguntas era o de que medicamentos como cloroquina, ivermectina e outros que compõem o "kit Covid" não haviam passado pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec) e que, por conta disso, ele não poderia comentar.