Gleisi Hoffmann: "Supremo iniciou o resgate do processo legal"

Em entrevista coletiva, a senadora e presidenta do PT comentou a decisão do STF que a absolveu de uma denúncia baseada em delações premiadas e disse que seu caso abre esperanças para que a Corte reveja a prisão do ex-presidente Lula 

(Foto: Eduardo Matysiak
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Em entrevista coletiva concedida na tarde desta quinta-feira (21) em Curitiba (PR), a senadora e presidenta do PT, Gleisi Hoffmann, comentou a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) da última terça-feira (19) que a absolveu de uma denúncia de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, baseada em delações premiadas, do Ministério Público Federal (MPF). A petista disse estar "aliviada" com a decisão, mas salientou que desde quando a denúncia foi apresentada, baseada nas primeiras delações da Lava Jato, em 2014, já sabia qual seria o desfecho. "Desde o início eu já sabia que não poderia haver outra decisão. Não se pode condenar alguém sem provas, apenas por delação", pontuou. Gleisi afirmou, contudo, que ainda que ela tenha sido absolvida, não há como reparar o desgaste a que sua imagem foi submetida ao longo dos últimos quatro anos. "Eu sofri muito durante esses quatro anos. Nem o benefício da dúvida foi me dado. Deixei de ser a senadora Gleisi Hoffmann e passei a ser a Gleisi indiciada, a Gleisi denunciada, a Gleisi ré. Espero que agora tenham menções de Gleisi Hoffmann inocente", disse. "Quem é que vai me pedir desculpas por tudo o que aconteceu? Quem vai reconstituir os anos de desgaste público que eu tive?", questionou. Apesar de todo o desgaste, no entanto, a senadora afirmou que a decisão do STF "recoloca nos trilhos o processo penal" e que representa um "duro golpe" na indústria de delações premiadas da Lava Jato. "O que mais me deixa esperançosa é que foi uma decisão muito firme do STF em relação às delações premiadas. Foi um duro recado à indústria das delações. As delações são importantes para o processo investigativo, inclusive elas foram levadas a cabo por um projeto de lei sancionado no governo Dilma. Elas são importantes para levantar indícios sobre situações que vão ser investigadas, mas elas jamais poderão substituir provas, se não, elas se transformarão em instrumento de utilização política ou para salvar aqueles que fazem delação. Com essa decisão, a gente restabelece as coisas: as delações têm um papel, mas não podem ser o fundamento da acusação”, afirmou. De acordo com Gleisi, esse "golpe" na indústria das delações a deixa esperançosa com relação ao caso do ex-presidente Lula, que terá um recurso solicitando a suspensão de sua pena de 12 anos e 1 mês de prisão julgado pela Segunda Turma do STF - a mesma que a absolveu - no próximo dia 26. “A maioria dos processos iniciados na Vara de Curitiba são processos com alto índice de politização, assim é o do presidente Lula e não tenho dúvidas que no STF ele terá o mesmo final, porque também baseia-se apenas em delações. O caso dele é mais grave, porque já tem uma condenação, mas o Supremo iniciou esse resgate do processo legal. Espero que isso aconteça com o presidente Lula, que hoje é a maior vítima deste estado de exceção que vivemos no Brasil sob o pretexto de se combater a corrupção”, avaliou. Na entrevista, Gleisi ainda reafirmou que não tentará uma reeleição no Senado e se candidatará à deputada federal, com o objetivo de fortalecer a bancada do PT na Câmara. Assista, abaixo, a íntegra da entrevista.