Ruralistas do Pará produziram vídeo com mico-leão na Amazônia compartilhado por Ricardo Salles e Mourão

Paulista, Maurício Fraga Filho, presidente da Acripará - que produziu o vídeo -, foi processado por trabalho escravo nas fazendas que herdou do pai na região. "Acabaram cometendo uma gafe", justificou

Maurício Fraga Filho, presidente da Acripará (Reprodução)
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A Associação de Criadores do Pará (Acripará) admitiu, em entrevista à GloboNews nesta quinta-feira (10), que errou ao colocar a imagem de um mico-leão-dourado, animal típico da Mata Atlântica, em um vídeo produzido pela entidade e que foi compartilhado pelo Ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, e pelo vice-presidente, genenral Hamilton Mourão, alegando que a "Amazônia não está queimando".

"Elas acabaram cometendo uma gafe, usaram uma imagem de arquivo da produtora que fez o vídeo, que foi a imagem do mico-leão-dourado. Mas entendemos que o mais importante do vídeo é a mensagem que ele passa, mas realmente foi uma gafe essa do mico-leão-dourado. A intenção era só circular pelas redes sociais, acho ninguém enviou para o ministro, ele deve ter pego, muitas pessoas pegaram nas redes sociais e foram divulgando", disse Maurício Fraga Filho, presidente da associação de pecuaristas, confessando que o vídeo usou banco de imagens em sua produção.

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Fraga Filho foi processado por submeter trabalhadores a condições análogas à escravidão em uma de suas fazendas, segundo a revista Veja.

Fraga Filho administra as fazendas do pai, Maurício Pompeia Fraga, que também foi citado na ação movida em 2018. Nos dias 28 e 29 de junho daquele ano, fiscais do Grupo Especial de Fiscalização Móvel (GEFM) constaram que um grupo de 30 trabalhadores, incluindo um adolescente, estavam sujeitos a “inúmeras situações degradantes” ao realizarem o transporte de gado numa jornada que deveria ser concluída em 120 dias e teve início numa propriedade dos fazendeiros.

Os pecuaristas, especialmente do Pará, são os maiores interessados no desmatamento da Amazônia para expandir a criação de gado sobre a floresta da região.

No Twitter, Salles também atacou o ator norte-americano Leonardo DiCaprio, que havia publicado após uma publicação dele contra o presidente Jair Bolsonaro uma campanha da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) que questiona empresas, governos e pessoas no geral se estão do lado da Amazônia ou de Bolsonaro.

Em resposta ao ator, Ricardo Salles adotou um tom agressivo e fez propaganda de um projeto do governo que propõe o “patrocínio” de parques na Amazônia por pessoas ou empresas, tirando a responsabilidade do governo federal. Publicação foi escrita em inglês.