Historiador compara atentado a Bolsonaro com o da rua Tonelero

“Em um e outro caso, um idiota impulsivo tenta resolver a questão com as próprias mãos e joga o país no abismo”, escreveu Lira Neto, autor de biografia de Getúlio Vargas

O escritor Lira Neto. Foto: Reprodução TV
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O historiador Lira Neto, autor de “Getúlio”, biografia do ex-presidente publicada em três volumes, comparou em sua conta do Twitter, nesta quinta-feira (6), o atentado contra o presidenciável Jair Bolsonaro com o da rua Tonelero, no Rio de Janeiro, ocorrido em agosto de 1954, contra a vida do político e jornalista da UDN, Carlos Lacerda. Para o historiador, “em um e outro caso, um idiota impulsivo tenta resolver a questão com as próprias mãos e joga o país no abismo”, escreveu. “O 6 de setembro de 2018, respeitadas as devidas proporções, talvez fique marcado na história como o 5 de agosto de 1954. Em um e outro caso, um idiota impulsivo tenta resolver a questão com as próprias mãos e joga o país no abismo.” Sobre o caso, Lira Neto ainda comentou: "Queria acreditar que a lição histórica que resta de episódio tão lamentável é que o discurso do ódio irracional só promove ainda mais ódio. Aquele mesmo ódio insano que um dia se volta para o que odeia. Mas minha dor é perceber que a verdadeira vítima seremos nós". E finalizou: "O tresloucado ataque físico a Jair Bolsonaro deu-lhe uma dimensão que ele nunca tivera na mídia hegemônica - e, ao mesmo tempo, ampliou-lhe a repercussão e o espaço já dilatados nas redes. A um mês da eleição, o efeito disso é imprevisível", encerrou. Relembre o caso O atentado contra a vida do político Carlos Lacerda, ocorrido na Rua Tonelero, no Rio de Janeiro, no dia 5 de agosto de 1954, é considerado um episódio chave na derrocada do segundo governo de Getúlio Vargas. Lacerda era um dos principais opositores de Vargas e já havia disso ameaçado de morte diversas vezes. Por conta disto, oficiais da Aeronáutica faziam a sua segurança durante os comícios. Na ocasião, Lacerda foi atingido com um tiro no pé e o major-aviador Rubens Florentino Vaz morreu. O chefe da guarda pessoal de Getúlio, Gregório Fortunato, foi acusado de mandante do crime. A crise política se acirrou a partir do episódio, que acabou culminando com o suicídio de Getúlio.