Justiça derruba liminar que permitia a Doria internar compulsivamente usuários de droga

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O desembargador Reinaldo Miluzzi, do Tribunal de Justiça do Estado, atendeu pedido do Ministério Público Estadual e da Defensoria Pública de São Paulo para barrar a liminar de primeira instância. Da Redação* A Justiça derrubou decisão que autorizava a gestão João Doria (PSDB) a internar compulsoriamente moradores de rua da região da Estação da Luz, conhecida como cracolândia. O desembargador Reinaldo Miluzzi, do Tribunal de Justiça do Estado, atendeu pedido do Ministério Público Estadual e da Defensoria Pública de São Paulo para barrar a liminar de primeira instância. A atitude de Doria provocou críticas de inúmeros setores da sociedade. O conhecido criminalista Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, chegou a dizer que o próprio Doria era quem precisava de internação compulsória. O desembargador Miluzzi afirmou na decisão que a autorização que havia sido dada à gestão Doria "contrasta com o Estado Democrático de Direito, porquanto concede à Municipalidade carta branca" para eleger viciados para recolher à força. Ele também revogou o sigilo que havia sido decidido na decisão de primeira instância, do juiz Emílio Migliano Neto. O Juiz Emílio é o mesmo que concedeu liminar, em 2013, proibindo Haddad de aumentar o IPTU. Para o promotor Arthur Pinto Filho, o ideal seria que a prefeitura apostasse no convencimento dos usuários de drogas de agora em diante. "Isso vai permitir que o programa Redenção seja colocado em prática como foi concebido", disse o promotor Arthur Pinto Filho, da área da saúde. RECURSO O recurso destacou que internações compulsórias por dependência química devem ocorrer apenas de maneira excepcional, em caso de extrema necessidade, quando esgotadas as alternativas. Um dos fundamentos da justificativa é Lei Antimanicomial, de 2001, que determino que o tratamento deve ser feito de forma ambulatorial, com a pessoa em liberdade, sendo a internação indicada apenas quando as tentativas de tratamento fora do hospital forem insuficientes. AUTORIZAÇÃO A Justiça havia decidido na sexta-feira (26) que a gestão João Doria (PSDB) precisaria sempre de uma autorização judicial para promover internações à força de usuários de drogas na região da cracolândia. A solicitação da gestão foi feita às pressas nesta semana. Ela ocorreu após a desarticulada ação no último domingo (21), quando policiais civis e militares, ligados ao governo do Estado, prenderam traficantes e desobstruíram três vias tomadas havia anos por viciados. O novo programa anticrack de Doria, porém, não estava pronto. Uma das promessas era o cadastramento prévio dos usuários, para que recebessem encaminhamentos corretos, como tratamento médico. Sem isso, em meio a ações atabalhoadas e discursos oficiais dissonantes, o que se viu foram viciados espalhados pelas ruas e a formação de uma grande concentração deles na praça Princesa Isabel. *Com informações da Folha Foto: EDUARDO OGATA/SECOM / Divulgação