Lula: “Prender um inocente tem um preço histórico, vão arcar com a responsabilidade do que vai acontecer no país”

Em entrevista exclusiva à AFP, Lula disse também estar preparando uma nova carta ao povo brasileiro, que deve ser divulgada em alguns dias

Foto: Ricardo Stuckert
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O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva admitiu, em entrevista exclusiva à AFP na tarde desta quinta-feira (1), que a ideia de ser preso "passa todos os dias" por sua cabeça, mas garantiu não ter medo por ser inocente. Ele reafirmou o desejo de concorrer às eleições presidenciais de outubro e ainda garantiu ganhar no primeiro turno. Sobre a sua prisão, Lula foi enfático: “A única preocupação que eu tenho nesse momento é tentar mostrar minha inocência. Se eles resolverem me condenar e me prender, eles estarão condenando um inocente, prendendo um inocente. Isso tem um preço histórico. Se querem tomar essa decisão, vão arcar com a responsabilidade do que vai acontecer no país. Por isso é que eu durmo tranquilo. E repetiu que não vai fugir, pedir asilo e nem se matar: “Não vou para nenhuma embaixada, não peço asilo político, não vou me esconder, não vou me matar. Eu vou brigar. A única coisa que me motiva é brigar, porque eu tenho uma única coisa para defender, que é minha inocência”. Lula disse que a prisão passa todo dia pela sua cabeça. “Eu não tenho problema. O problema é que eu não tenho medo e não estou preocupado. (...) Toda história tem consequências. Uma prisão pode durar muito tempo, como a de (Nelson) Mandela, que durou 27 anos, ou pode durar muito pouco tempo, como a de (Mahatma) Gandhi”. O ex-presidente foi condenado a 12 anos e um mês de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4). Ele garante, entretanto, que todas as acusações foram montadas para desmoralizar sua candidatura e impedir a volta do Partido dos Trabalhadores (PT) ao poder. Atualmente, ele tenta conseguir um habeas corpus no Superior Tribunal de Justiça (STJ) para impedir sua prisão quando se esgotarem seus recursos no TRF-4. Contudo, a Justiça eleitoral ainda pode torná-lo inelegível. Lula disse também estar preparando uma nova carta ao povo brasileiro, que deve ser divulgada em alguns dias: “Eu quero fazer uma carta ao povo brasileiro para o povo brasileiro. É uma carta assumindo o compromisso com o povo, o que é o que eu quero fazer neste país (...) É possível fazer as coisas diferente do que está sendo feito. Você não tem que vender patrimônio público. Você não tem que fazer corte na educação, na saúde, nas ciências e na tecnologia para poder equilibrar as finanças públicas. Essa carta estou trabalhando com muito carinho porque ela vai ser a base inclusive do programa de governo que a gente está fazendo. Eu penso que mais alguns dias, quem sabe uns quinze dias (...).”