Mantega quebra o silêncio: “É uma humilhação ser chamado de ladrão”

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O ex-ministro da Fazenda, Guido Mantega, quebrou o silêncio depois de três anos sem dar entrevista. Diz, entre outras coisas, que as delações de Marcelo Odebrecht e de outros são peças de ficção, e diz que eles precisaram acusar autoridades para conseguirem fechar os acordos.  Em entrevista à colunista Mônica Bergamo, "Eu me sinto terrível porque minha reputação foi colocada por água abaixo. A repercussão foi péssima, péssima. Passei a ter problemas em restaurantes, no hospital. Não posso ter uma vida normal. É uma humilhação ser chamado de ladrão. Eu poderia ter começado a dar palestras, consultorias. Criei um nome lá fora, fiz o Brasil ser respeitado. E acabei jogado nessa vala. A essa altura dos acontecimentos, depois de trabalhar tantos anos para o governo, depois de ter tantos resultados, eu não esperava. Realmente eu não esperava", disse, Mantega diz que as delações de Marcelo Odebrecht e outros delatores são peças de ficção, e diz que eles precisaram acusar autoridades para conseguirem fechar os acordos. "Porque, para você conseguir uma delação, tem que entregar pessoas do alto escalão do governo. Um ou dois presidentes [da República] e um ou dois ministros. De certa forma é uma exigência. E aí fala do ministro sem provas. Porque não faz sentido essa questão do Refis. E menos ainda R$ 50 milhões que diz que pedi num bilhetinho. Que bilhetinho? Mostra o bilhetinho! Ele tinha que montar uma história para dizer que tinha propina e inventou essa. Mas foi infeliz porque esse Refis foi feito para Deus e o mundo." Aos 68 anos, casado com Eliane, 56, que desde 2011 enfrenta tratamento contra um câncer no intestino, disse que tem medo de ser preso. "Sim, tenho temor. Eu sou a principal pessoa que cuida da minha mulher, que dá sustentação psicológica para ela. Temo o que aconteceria com ela se eu fosse preso. Se você olhar as acusações, as provas, elas são frágeis, não se sustentam. Eu espero que a Justiça faça justiça." Foto: Antonio Cruz/ABr