Moraes dá ultimato a Aras e mantém inquérito contra Bolsonaro por associar vacina à Aids

Ministro do STF trancou ação do PGR que questionava abertura do inquérito e deu 24h para que ele envie tudo o que tiver sobre o assunto, dando recado: se não enviar, é obstrução de Justiça

Alexandre de Moraes (Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil); Jair Bolsonaro e Augusto Aras (Foto: José Cruz/Agência Brasil)
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Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), deu um ultimato ao procurador-geral da República (PGR), Augusto Aras, em despacho publicado nesta terça-feira (14): o ministro decidiu manter o inquérito aberto contra Jair Bolsonaro pelo fato do presidente ter associado vacina contra a Covid à Aids, trancou ação da PGR que questionava a a investigação e deu prazo para que Aras envie tudo o que possui sobre o assunto.

O inquérito foi aberto no dia 3 de dezembro após o PGR anunciar que faria apenas uma "investigação preliminar" sobre a fake news destilada por Bolsonaro. A abertura da investigação, por parte do STF, atende a uma notícia-crime protocolada por membros da CPI do Genocídio.

Nesta segunda-feira (13), Aras enviou ao STF uma petição solicitando que a abertura do inquérito contra Bolsonaro fosse reconsiderada. Em resposta, Moraes trancou a ação do PGR, manteve a investigação e deu prazo de 24 horas para que ele envie ao Supremo tudo o que possui com relação ao tema.

"Como visto, não se revela consonante com a ordem constitucional vigente, sob qualquer perspectiva, o afastamento do controle judicial exercido por esta CORTE SUPREMA em decorrência de indicação de instauração de procedimento próprio", escreveu o ministro do STF em seu despacho.

Moraes ainda deu recado para caso Aras não respeite o prazo para enviar o material da apuração preliminar: "pena de desobediência à ordem judicial e obstrução de Justiça".

Vacina e Aids: mais uma mentira de Bolsonaro

Em outubro, Jair Bolsonaro usou as suas redes para espalhar uma fake news sobre as vacinas contra a Covid-19 produzida por um grupo negacionista do Reino Unido.

A “tese” em questão afirma que “as pessoas totalmente imunizadas estão desenvolvendo Aids”.

“Outra coisa grave aqui, só vou dar a notícia, não vou comentar, já falei sobre isso no passado e apanhei muito. Relatórios oficiais do governo do Reino Unido sugerem que os totalmente vacinados, quem são os totalmente vacinados? Aqueles que depois da segunda dose, 15 dias depois após a primeira dose… estão desenvolvendo a Síndrome de Imunodeficiência muito mais rápido que o previsto”, disse Bolsonaro durante live.

Trata-se, na verdade, de uma fake news plantada pelo site negacionista Beforeitnews, que publica textos dizendo, entre outras coisas, que as vacinas contra a Covid rastreiam as pessoas.

Foi desse site que o presidente Bolsonaro pegou a “notícia” de que a imunização completa contra a Covid desenvolve Aids nas pessoas.

A Agência de Segurança de Saúde do Reino Unido declarou que “as vacinas contra a Covid-19 não causam Aids. A Aids é causada pelo HIV”.