Moro anulou depoimento de réu que cita Beto Richa (PSDB) antes de abrir mão do processo

Moro abriu mão de julgar um processo da Lava Jato que envolve o pagamento de propina ao governo do Paraná sob a alegação de estar "sobrecarregado". Antes de sair de cena, no entanto, anulou o depoimento de Carlos Nasser, ex-assessor da Casa Civil do governo de Beto Richa (PSDB) em que citava o ex-governador; "Sérgio Moro é um juiz fora da lei", criticou o deputado Paulo Teixeira (PT-SP)

Foto: Lula Marques
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Nesta semana, pela primeira vez, um juiz da Lava Jato - Sérgio Moro - abriu mão de conduzir um processo que envolve corrupção e pagamentos de propina. Trata-se da da ação penal relativa à 48ª fase da operação, que investiga o pagamento de propina pelo Grupo Triunfo, acionista da concessionária Econorte, a diretores do Departamento de Estradas e Rodagem do Paraná e a Carlos Nasser, ex-assessor da Casa Civil do governo de Beto Richa (PSDB). Ao redirecionar o processo à 23ª Vara Federal de Curitiba, Moro argumentou que o caso não está relacionado à Petrobras e que estava "sobrecarregado". Antes de sair de cena, no entanto, o juiz de Curitiba anulou o depoimento de Carlos Nasser obtido pelo Ministério Público Federal no dia 18 de dezembro de 2017 que citava o ex-governador Beto Richa. A denúncia é do Paraná Portal. De acordo com o site, o juiz de Curitiba  anulou o depoimento por verificar “possível problema de validade, pois não foram, aparentemente, pelo menos isso não consta na degravação, tomadas as cautelas próprias para advertir o investigado de seus direitos, entre eles o de permanecer em silêncio e o de assistência a um advogado prévia e durante o interrogatório, ainda que este tenha ocorrido em sua residência”. No depoimento anulado, Nasser, que é réu no processo, fez uma relação direta entre o ex-governador Beto Richa e os supostos pagamentos de propina. Ele declarou que trabalhava na Casa Civil com uma função de assessoramento ao então governador tucano e que, se recebeu algum dinheiro da Triunfo em sua conta, foram recursos para campanhas políticas. "Correligionário" Em vídeo ao vivo divulgado pelo Facebook, o deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP) comentou a informação de que Moro anulou o depoimento de Nasser antes de abrir mão do processo. De acordo com Teixeira, Moro "blinda" políticos do PSDB paranaense devido às relações de amizade e familiares que o juiz de Curitiba manteria com o partido. "Todo mundo sabe das relações de Sérgio Moro com o PSDB do Paraná. Relações familiares e de amizade. Essa Justiça não é para todos", afirmou, chamando Moro de "correligionário" de Beto Richa, já que seu pai é um dos fundadores do PSDB do estado. "Exigimos a apuração e a punição deste juiz caso esta denúncia se confirme", completou. Confira a íntegra do comentário do parlamentar.