Moro Go Home: Gleisi diz que ele foi treinado pelo Departamento de Justiça dos EUA

Em entrevista ao Jornal da Fórum, presidenta do PT colocou o passado e as ações do ex-juiz em evidência, mostrando como ele colaborou na tentativa de entregar a Petrobras aos interesses estrangeiros

Presidenta do PT, Gleisi Hoffmann, e o ex-juiz da Lava Jato Sergio Moro (Fotos: Agência Câmara e Lula Marques)
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A presidenta do Partido dos Trabalhadores, deputada Gleisi Hoffmann, disse em entrevista ao Jornal da Fórum, na última segunda-feira (22), que o ex-juiz e ex-ministro da Segurança Pública Sergio Moro, hoje candidato à Presidência da República, foi treinado pelo Departamento de Justiça dos EUA para promover o desmonte da Petrobras, com suas ações devastadoras na Lava Jato.

Até a revista Veja, fiadora da candidatura de Moro, resolveu repercutir a fala da petista, a quem atribuem a autoria da pecha de “agente dos EUA” colada no antigo bolsonarista, embora a parlamentar que dirige o maior partido do país não tenha usado esse termo.

“É uma sandice esse negócio de vender a Petrobras, de privatizar uma empresa como a Petrobras. Os EUA fazem guerra com o mundo pelo petróleo. Invadem países, matam, fazem de tudo. Aqui não. Aqui eles só precisaram do Moro, que foi treinado no Departamento de Justiça norte-americano, junto com sua equipe, pra fazer o desmonte da Petrobras, que é a maior empresa que nós temos no Brasil e uma das maiores do mundo”, afirmou a presidenta do PT ao jornalista Miguel do Rosário, apresentador do programa.

Questionada sobre a naturalidade com a qual amplos setores da sociedade vêm encarando a candidatura do homem que era magistrado e interferiu abertamente na última eleição, Gleisi falou sobre esse conflito de interesses.

“Eu fico muito impactada com a normalização da candidatura do Moro. Não por ser e por sair candidato, enfim, mas a normalização de um ex-juiz que foi o coordenador de uma das maiores operações, voltada segundo ele a combater a corrupção, ser candidato à Presidência. É algo normalizado pela mídia, pela sociedade... O cara que está hoje juiz, julga, condena, e depois nós soubemos em que circunstâncias isso se deu, como aconteceram as condenações, as perseguições ao presidente Lula e aí ele muda de roupa e diz assim: ‘virei candidato’. É uma normalização muito ruim para a institucionalidade e para o processo democrático brasileiro”, opinou.

Para ela, ser membro do Judiciário, e vestir-se de poder para fazer o que bem entende, é algo bem diferente de atuar no cenário político e Moro será cobrado pelas coisas que já fez.

“Existe uma diferença muito grande em você estar de toga, protegido por um poder, e fazer todas as ações políticas que o Sergio Moro fez, ostentando o poder que ele teve, com a compactuação da mídia, de setores da sociedade para colocá-lo num elevado degrau de arauto da moralidade, arauto do combate à corrupção. Vamos ver se ele aguenta na arena política, porque aí ele vai estar ao sol para fazer esse debate, até porque eu acho que ele vai ter que explicar muita coisa que ele fez’, destacou a petista.

A presidenta da legenda entende que Sergio Moro, assim como Ciro Gomes, encarnam o golpismo que outrora marcou a História do Brasil pelas mãos de Carlos Lacerda, que deliberadamente realizava todo tipo de jogo sujo para atingir Getúlio Vargas.

“O discurso do Ciro e também do Moro é totalmente lacerdista. Foi o discurso que vitimou Getúlio Vargas, e pela mesma situação. Porque estava lá no meio o que é, e era, estratégico para a gente: a Petrobras. Foi Getúlio que plantou a Petrobras e viu que o Brasil precisava ter uma empresa grande e forte e com petróleo, porque isso era fundamental para o nosso crescimento. E hoje a gente vê essa mesma história, com essa sanha de quem acusa, e no final a gente vê o quê? Que o que se queria não era combater corrupção nenhuma, era se entregar a maior empresa brasileira, entregar o petróleo brasileiro aos interesses estrangeiros”, comparou.

A explosão inflacionária dos preços dos combustíveis, para a deputada, é um resultado direto da destruição dos marcos regulatórios que envolviam a produção da Petrobras, que teve sua política de preços dolarizada logo após a derrubada da presidenta Dilma Rousseff. No entendimento dela, Moro teve papel fundamental nesse processo.

“O Moro vai ter que explicar, e muito. Porque o preço da gasolina, do diesel, do gás de cozinha que nós temos hoje, é responsabilidade do Moro, que desestruturou todo o marco regulatório do pré-sal, abriu para que a Petrobras fosse tirada desse processo como a empresa mais importante, e abriu para mudarem a política de preços da Petrobras, que hoje tem paridade com o preço internacional, é dolarizada, e que tem como único foco dividir o lucro da empresa com seus acionistas”, encerrou.