Morre Chico de Oliveira, sociólogo e fundador do PT

Em 2012, Chico deu uma longa entrevista à Fórum, para os jornalistas Renato Rovai e Glauco Faria, onde fez reflexões importantes a respeito da América Latina, do contexto político brasileiro e da falta de renovação da Teoria Política. Relembre aqui

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Morreu nesta quarta-feira (10), aos 85 anos, o sociólogo e fundador do PT, Chico de Oliveira. De acordo com informações da família, ele esteve internado em São Paulo, onde residia, para tratar uma pneumonia e recuperava-se em casa. O velório de Chico será no salão nobre do prédio de Administração da USP, na Rua do Lago, 717. O horário ainda não foi comunicado. Polêmico, deixou o PT em 2003, no exato momento em que o partido chegava ao palácio do Planalto. Participou da fundação do PSOL, mas também se afastou do partido. Durante as eleições de 2010, afirmou que "Lula é mais privatista que FHC. Privatista numa escala que o Brasil nunca conheceu". Em 2012, durante entrevista no programa Roda Viva, da TV Cultura, desabafou: "Lula é sem caráter e oportunista". Já em 2016, um pouco antes do golpe que derrubou Dilma do poder, em entrevista ao jornal Zero Hora, comentou sobre as acusações a Lula: “A maior parte é invenção da contradição política. Não acredito que o Lula, com a experiência que tem, seja tão tolo para fazer o que dizem que ele faz. Não é verdade. Lula não é nenhum ladrão, para meter a mão no dinheiro público. Ele está aí na política há 50 anos”. Graduado em Ciências Sociais na Faculdade de Filosofia da Universidade do Recife, atual Universidade Federal de Pernambuco, Chico recebeu, em 1992, o título de doutor por notório saber pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP. Em 2004, recebeu o prêmio Jabuti na categoria Ciências Humanas pelo livro Crítica à razão dualista/O ornitorrinco, publicado pela editora Boitempo. Em 2013, foi o homenageado do IV Curso Livre Marx-Engels, organizado pela editora Boitempo e pelo Sesc. Entrevista à Fórum Durante o governo de Dilma Rousseff, em 2012, Chico deu  longa entrevista à Fórum, para os jornalistas Renato Rovai e Glauco Faria, onde fez reflexões importantes a respeito da América Latina, do contexto político brasileiro e da falta de renovação da Teoria Política. Em meio a isso, anunciou o que ele definiu como recolhimento, em que abria mão de uma atuação política mais ostensiva, mas “sem recuar”. “Minha posição agora é a dos profetas do Antigo Testamento, eu só sei anunciar catástrofes”, brincou. “Estou do lado de Jeremias. Ninguém me peça fórmula nenhuma porque não tenho, não sei, e acho que meu papel é esse. Não é um grande papel, todos acham isso muito incômodo.”