Operação Lava jato chega em Eduardo Paes

Ex-secretário de obras do Rio de Janeiro, Alexandre Pinto, é preso. Agentes cumprem nove mandados de prisão preventiva e uma temporária. Suspeitos teriam recebido mais de R$ 30 milhões em propina.

Rio de Janeiro, RJ, Brasil - O Secretário Municipal de Obras, Alexandre Pinto, durante apresentação dos trabalhos de perícia sobre o desabamento da ciclovia da Avenida Niemeyer. (Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil)
Escrito en POLÍTICA el
Ex-secretário de obras do Rio de Janeiro, Alexandre Pinto, é preso. Agentes cumprem nove mandados de prisão preventiva e uma temporária. Suspeitos teriam recebido mais de R$ 30 milhões em propina. Atualizado em 26/03/21 Da Redação* Em mais uma fase da Operação Lava Jato, as investigações chegaram ao ex-prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes. O  ex-secretário municipal de obras, nas duas gestões de Paes, Alexandre Pinto, foi preso por agentes da Polícia Federal, na manhã desta quinta-feira (3-8). Os agentes estão nas ruas, desde o início da manhã, para cumprir nove mandados de prisão preventiva, um de prisão temporária, três conduções coercitivas e 18 mandados de busca e apreensão. Nove mandados de prisão estão sendo cumpridos no Rio e um em Pernambuco, onde foi confirmada a prisão de Laudo Aparecido Dalla Costa Ziani, genro do ex-deputado Pedro Correa. A operação foi batizada de "Rio, 40 graus". Outro alvo da ação é a advogada Vanuza Sampaio. Também há um mandado de condução coercitiva contra o advogado Luciano Ramos Volk, na Vila Nova Conceição, bairro nobre da Zona Sul de São Paulo, mas que não tinha sido cumprido até as 7h45. A Polícia Federal entrou no prédio, mas não o localizou. Já o mandado de busca e apreensão foi cumprido no apartamento de Luciano. Todos os mandados são expedidos pelo juiz Marcelo Bretas, da 7ªVara Federal Criminal do Rio. De acordo com as investigações, os investigados teriam recebido mais de R$ 30 milhões em propina em obras públicas. A assessoria do advogado informou que "em 30 de novembro de 2018, ou seja, pouco mais de um ano depois, Volk teve seus bens desbloqueados e foi liberado por Marcelo Bretas. A decisão, que contou com a concordância do Ministério Público Federal, teve por base a ausência de elementos de prova suficientes para embasar o oferecimento de uma denúncia. Não restando, portanto, qualquer pendência relacionada ao advogado. Volk não foi processado e nem preso, nada foi comprovado". Em nota, o ex-prefeito Eduardo Paes afirmou que Alexandre Pinto é um servidor de carreira da prefeitura do Rio e a política não teve qualquer relação com sua nomeação para a função de secretário de obras. "Ao contrário! Caso confirmadas as acusações, será uma grande decepção o resultado dessa investigação", afirmou Paes. Essa nova fase da Lava Jato chegou à prefeitura por meio de investigações de contratos na gestão de Paes. Alexandre Pinto foi preso em casa, na Taquara, na Zona Oeste do Rio, em um condomínio de luxo da região. Os procuradores do Ministério Público Federal têm como base a delação da empreiteira Carioca Engenharia e diz respeito a corrupção, com pagamento de propina e desvio nas obras do corredor de ônibus Transcarioca, que custou R$ 2 bilhões, e da drenagem de córregos da Bacia de Jacarepaguá. De acordo com as investigações, o ex-secretário cobrava propina de 1% no valor das obras. A Lava Jato chega à prefeitura do Rio porque passa a investigar também não só a organização criminosa que, segundo os investigadores, era chefiada pelo ex-governador Sérgio Cabral, mas também a organização criminosa que teria ligações com o PMDB em todo o estado do Rio de Janeiro. Entre os alvos da ação estão lobistas e fiscais da prefeitura responsáveis pelas obras. Essa é a primeira vez que a Lava Jato fluminense chega na esfera municipal. Os agentes também cumprem mandado em um condomínio de luxo em Camboinhas, na Região Oceânica de Niterói, e no bairro de Boa Viagem, em um prédio que fica em frente ao Museu de Arte Contemporânea (MAC), também em Niterói. Alexandre Pinto foi citado em delação da engenheira Luciana Salles Parentes, que trabalhava na Carioca Engenharia. A delatora disse que tomou conhecimento da exigência de pagamento por meio de Antonio Cid Campelo, da OAS. Ela afirmou que o então secretário de Obras do Rio exigiu 1% do valor do contrato. Corrupção As investigações foram iniciadas há quatro anos e os presos serão indiciados por corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Após os procedimentos de praxe, eles serão encaminhados ao sistema prisional do estado. Segundo o site da prefeitura, a história do ex-secretário Alexandre Pinto começou no governo municipal em 1987, quando ingressou nos quadros como diretor da Coordenadoria Geral de Conservação (CGC). Ele também foi presidente da Rio-Águas e subsecretário de Águas Municipais, até chegar à Secretaria de Obras, onde assumiu a secretaria no segundo semestre de 2009. *Com informações do G1 Foto: Fernando Frazão/Agênia Brasil