Padilha exige detalhes da Saúde sobre medicamentos e testes vencidos

Deputado, que é médico e já foi ministro da Saúde, afirmou à Fórum: “essa situação já está crítica e nós estamos questionando qual o real diagnóstico do estoque”

Alexandre Padilha e o ministro da Saúde Marcelo Queiroga: Foto: Foto: Lula Marque/PT/Divulgação/Montagem
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O deputado federal Alexandre Padilha (PT-SP) solicitou ao ministério da Saúde, através de requerimento assinado nesta quinta-feira (9), informações sobre testes diagnósticos e medicamentos avaliados em mais de R$ 243 milhões que perderem a validade enquanto estavam estocados pela pasta.

Padilha, que é médico e já foi ministro da Saúde no governo de Dilma Rousseff, desabafou, em entrevista exclusiva à Fórum: “Não bastasse o sofrimento e apreensão que passam as pessoas que vivem com HIV/AIDS e hepatites virais desde o início da pandemia pela interrupção de serviços, dificuldade de acesso aos exames e ao acompanhamento do seu tratamento, além dos riscos da covid, essa população tá sofrendo com outra apreensão: A interrupção da oferta de medicamentos, exames diagnósticos e testes de acompanhamento pela incapacidade do ministério da Saúde manter essa oferta ao longo de todo o ano passado e esse ano.

Para ele, “essa situação já está crítica e nós estamos questionando o ministério da Saúde qual o real diagnóstico do estoque, a situação em cada um dos estados dos medicamentos e dos exames de diagnóstico e tratamento”.

O requerimento

O deputado quer saber “qual a lista de estoque de produtos armazenados ou vencidos sob guarda deste Ministério”. O requerimento pergunta ainda “qual o prejuízo previsto para este ano (2021), 2020 e 2019 de vacinas testes e remédios que venceram sob guarda deste Ministério?”

“Em relação ao programa DST/AIDS, especialmente quanto aos kits de diagnóstico de HIV e HCV, qual o montante de produtos vencidos que não poderão mais ser utilizados?”, pergunta também o deputado. E encerra: “quais as providências de responsabilização havidas neste ministério em relação ao prejuízo financeiro e social da perda da validade destes produtos sob guarda do Ministério?”

O requerimento de Padilha tem como base informação sigilosa do governo Bolsonaro que vazou para o jornal Folha de S.Paulo. A pasta deixou, conforme informado acima, vacinas, testes diagnósticos e medicamentos avaliados em mais de R$ 243 milhões perderem a validade. O material não tem mais qualquer serventia e será incinerado.

Leia o documento na íntegra:

Não é a primeira vez

Esta não é a primeira vez que volumes gigantescos de insumos de saúde ficam largados e estragam durante a atual gestão federal. Desde de que Jair Bolsonaro chegou ao Palácio do Planalto, quase 3,7 milhões de itens já ultrapassaram o prazo de validade estipulado por seus fabricantes e precisaram ser descartados.

Entre os itens que a pasta da Saúde deixou vencer estão 12 milhões de vacinas para gripe, BCG, hepatite B e varicela, que custaram R$ 50 milhões. As coberturas vacinais para essas doenças são justamente aquelas que vêm caindo mais nos dados sanitários sobre imunização no Brasil.

Já os medicamentos que não foram utilizados correspondem a milhões de doses destinadas a pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) que sofrem de câncer, tuberculose, hepatite C, Parkinson, Alzheimer, esquizofrenia, problemas renais e artrite reumatoide, além de imunossupressores aplicados em transplantados.