Oito familiares de Ana Cristina Valle, ex-esposa do presidente Jair Bolsonaro, sacaram várias vezes R$ 500 das suas respectivas contas por mais de 10 anos, enquanto atuavam como assessores de Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).
Documentos da quebra de sigilo bancário mostram que, das 9.859 operações de saque feitas entre 2007 e 2018, 4.294 foram nesse mesmo valor. Ao todo, 44% de todas as operações feitas por parentes de Ana Cristina foram saques de R$ 500. Somados, retiradas equivalem um total de R$ 2,1 milhões. A informação consta em reportagem de Juliana Dal Piva e Pedro Capetti, no jornal O Globo.
As investigações do Ministério Público (MP) apontam ainda que dez integrantes da família sacaram, em média, 83% dos salários recebidos da Alerj. Segundo a procuradoria, os familiares “sacavam quase a integralidade dos salários recebidos na Alerj para repassar os valores em espécie a outros integrantes da organização criminosa”.
Além disso, ao menos dois integrantes da família de Ana Cristina foram ao banco no mesmo dia e realizaram a mesma quantidade de saques, no mesmo valor, por 354 vezes. Destas, em apenas três vezes o valor da operação não foi de R$ 500.
As investigações foram submetidas ao procurador-geral de Justiça do Rio, Eduardo Gussem, e para o subprocurador-geral de Justiça de Assuntos Criminais e Direitos Humanos, Ricardo Ribeiro Martins.