Congressistas reagem à decisão de Moro de destruir mensagens que o incriminam

O ministro Marco Aurélio Mello, do STF, interveio e disse que apenas o Judiciário poderá decidir se as mensagens apreendidas com os hackers serão destruídas

Moro e Glenn Greenewald (Montagem/ Agência Câmara)
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Pressionado pelas revelações da “Vaza Jato”, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, foi alvo de críticas esta semana ao informar que supostos hackers – que acabaram presos – teriam invadido o celular do presidente Jair Bolsonaro (PSL). Paralelamente, o ministro informou que as provas apreendidas seriam destruídas, mesmo sem amparo legal para isso. A declaração logo mobilizou parlamentares. Para o deputado federal Márcio Jerry (PCdoB), Moro é “viciado em ilegalidades”. “É óbvio que eles seguem um roteiro meticulosamente urdido para se contrapor aos fatos concretos de crimes cometidos no âmbito da Lava Jato. A operação 'salva Moro' está em curso desde o sumiço dele para os Estados Unidos”, declarou o parlamentar do Maranhão. O “sumiço” está relacionado ao fato de que no ápice das revelações publicadas no jornal Folha de SP, revista Veja, rádio BandNews FM e site The Intercept, Moro tirou uma licença de 5 dias e viajou para os Estados Unidos, entre os dias 15 e 19 de julho. “Moro vê a si mesmo como ministro, juiz, advogado, procurador e profeta”, apontou Paulo Pimenta (PT-RS) diante da decisão. Por meio do Twitter, Ivan Valente (PSOL-SP), afirmou que vai ajuizar ação para conter o avanço de Moro. "Agora a PF vem a público desdizer seu chefe Moro e afirmar q gravações dos hackers podem não ser destruídos. Podem? É crime destruir provas a não ser com autorização judicial. O "super-homem" acha que pode tudo. Vamos entrar com representação na PGR de qualquer jeito para impedir manipulações", informou. Enquanto isso, as mensagens revelavam que o agora ministro, na época em que atuava como juiz, mantinha contato direto com o procurador Deltan Dallagnol, interferindo na atuação do Ministério Público Federal, sugerindo a inversão da ordem de operações, antecipando uma decisão judicial e orientando Deltan a incluir provas contra um réu da Lava Jato. A volta de Moro ao Brasil coincidiu com declarações de outras figuras púbicas da base do governo Bolsonaro que também alegaram supostas invasões hackers, como Joice Hasselmann (PSL), líder do governo na Câmara dos Deputados, e o ministro Paulo Guedes, que levantou suspeita sobre a veracidade das informações. STF intervém Marco Aurélio Mello, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), disse que Sérgio Moro não tem poder para ordenar a destruição das mensagens que estavam com o hacker preso pela Polícia Federal. A intenção do ministro da Justiça é sumir com as conversas onde ele aparece tratando sobre os rumos da operação Lava Jato com membros do Ministério Público Federal de Curitiba.

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