Paulo Guedes ameaça tributar dividendos de empresários e pode criar crise na base de Bolsonaro

A proposta é tributariamente justa, mas irritaria boa parte dos que ainda apoiam o presidente e dificilmente será levada adiante

O ministro Paulo Guedes - Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Escrito en POLÍTICA el
O ministro da Economia de Jair Bolsonaro, Paulo Guedes, pode dar início a uma nova crise na base governista, uma vez que pretende fazer alterações em tributos de empresários, maioria que compõe o grupo de aliados do presidente. Portanto, as medidas devem sofrer bastante resistência. Em entrevista a Ana Estela de Sousa Pinto, da Folha de S.Paulo, a assessora especial de Guedes, Vanessa Rahal Canado, declarou que a cobrança de imposto sobre dividendos, hoje isentos, é fundamental para o governo diminuir a carga tributária sobre empresas e, com isso, tornar o Imposto de Renda (IR) das pessoas mais progressivo. Não é sócio Fórum? Quer ganhar 3 livros? Então clica aqui. “A tributação de dividendo é uma peça fundamental da reforma, não só do ponto de vista da arrecadação, mas como uma questão redistributiva”, declarou Vanessa. Alterações no Imposto de Renda da pessoa física devem facilitar a implantação de outra reforma tida como prioritária na avaliação de Guedes: diminuir a tributação sobre a folha de salários para todos os setores produtivos. Outra iniciativa que teria como objetivo diminuir a carga sobre a folha das empresas é reduzir o teto ou a base de cobrança da alíquota patronal, mas ainda não há cálculos. E, ainda, a atividade produtiva teria seu custo reduzido com mudanças no Imposto de Renda da Pessoa Jurídica. Redução de alíquota No caso, a ideia é diminuir a alíquota e ampliar a base de cobrança, acabando com benefícios fiscais que, segundo Vanessa, “são pouco eficazes e geram muito contencioso e custo de conformidade”. “É impossível ter um sistema mais progressivo e que olhe para a capacidade contributiva com Imposto de Renda concentrado na pessoa jurídica, porque não se sabe quem são os sócios: uma empresa com 50 sócios pode faturar R$ 10 milhões e uma que fatura R$ 4 milhões pode ter 2 sócios. O ganho das pessoas é completamente desproporcional, mas você só está olhando para a empresa”, disse ela.