Procuradora que afirmou que Lava Jato "ajudou a eleger Bozo" virou crítica ao governo nas redes

Jerusa Viecili sugeriu a Dallagnol que a operação se afastasse do presidente nas redes para reconquistar a credibilidade da imprensa

Jerusa Viecili (Reprodução/Twitter)
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A procuradora da Lava Jato em Curitiba, Jerusa Viecili, que reconheceu que a operação ajudou a eleger o presidente Jair Bolsonaro e sugeriu desvinculação com o chefe do Executivo para reconquistar a credibilidade da imprensa, possui uma postura crítica ao governo nas redes sociais.

“Delta, sobre a reaproximação com os jornalistas, minha opinião é de que precisamos nos desvincular do Bozo [Jair Bolsonaro], só assim os jornalistas vão novamente ver a credibilidade e apoiar a LJ “, escreveu Jerusa ao procurador Deltan Dallagnol em 28 de março de 2019.

Hoje, Jerusa faz diversas críticas ao governo Bolsonaro em seu perfil pessoal do Twitter. Desde o início da pandemia no Brasil, a procuradora se posicionou a favor do isolamento social, medida até hoje criticada pelo presidente. Em tuíte recente, ela atacou a postura do novo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, de visitar hospitais para conferir se a população realmente está morrendo de Covid-19.

"Tantas medidas a serem implementadas e...", ironizou Jerusa no Twitter ao compartilhar a notícia sobre o ministro.

https://twitter.com/jerusabv/status/1372965738097614852

Nas mensagens a Dallagnol, a procuradora também havia chamado atenção para a postura da Lava Jato em relação ao Supremo Tribunal Federal (STF), afirmando que a força-tarefa "ataca muito" a instituição e seus ministros.

"Acho que defender a democracia, nesse momento, seria um bom início de reaproximação com a grande imprensa. com relação a defender a Democracia, tambem seria importante um discurso de defesa das instituições. Atacamos muito o STF e seus ministros, mas sabemos que a democracia so existe com respeito às instituições", escreveu ao procurador.

Em seu perfil pessoal nas redes sociais, Jerusa costuma compartilhar comentários de ministros, especialmente de Gilmar Mendes. Em abril de 2020, a procuradora compartilhou um tuíte do ministro com críticas à ditadura militar e ao AI-5, ambos já defendidos por membros e aliados do governo Bolsonaro.

"A crise do #coronavirus só vai ser superada com responsabilidade política, união de todos e solidariedade. Invocar o AI-5 e a volta da Ditadura é rasgar o compromisso com a Constituição e com a ordem democrática #DitaduraNuncaMais", escreveu Gilmar no Twitter, comentário compartilhado pela procuradora.

As mensagens entre Jerusa e Dallagnol foram entregues nesta segunda-feira (29) ao Supremo Tribunal Federal (STF) pela defesa do ex-presidente Lula. O material foi obtido por meio da Operação Spoofing, que investiga o hackeamento dos diálogos.