"Professores trabalham mais e ainda enfrentam descaso do governo", diz coordenadora da Contee

Sindicato e deputados repudiam ataque do presidente aos professores. "Bolsonaro nunca escondeu seu desprezo pela Educação", diz Professora Bebel

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O ataque do presidente Jair Bolsonaro aos professores foi amplamente repudiado por trabalhadores e parlamentares ligados à educação. O ex-capitão disse em live nesta quinta-feira (17) que sindicatos de educadores são de “esquerda radical” e defendem o “Fica em Casa” para trabalhar menos, e não pelo risco de contágio que a aglomeração nas escolas representa durante a pandemia do coronavírus.

A Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino (Contee) publicou uma nota de repúdio nesta sexta-feira (18) dizendo que fala de Bolsonaro incentiva a perseguição aos professores. Para a entidade, presidente coloca o lucro dos grandes empresários "acima de todos".

"Inimigo da educação, da ciência e do ensino, contra a qual promove cortes orçamentários, sucateia estabelecimentos públicos do setor e incentiva a perseguição a professores, o Governo Bolsonaro tem colocado o lucro dos grandes empresários acima de todos e de tudo, e para isso nega a gravidade da pandemia do coronavírus, que já levou à morte mais de 135 mil brasileiros", diz a nota.

"O presidente despreza e incentiva o desrespeito às normas de prevenção e segurança contra a pandemia, violando orientações de seu próprio governo, e investe contra governantes, entidades científicas e organizações populares que atuam em defesa da vida", continua.

A coordenadora da secretaria-geral da Contee, Madalena Guasco Peixoto, também se posicionou contra o ataque e destacou que professores têm trabalhado ainda mais na pandemia por causa das aulas on-line. "Mais uma vez o presidente da República destila seu ódio e sua desconsideração com a educação e os professores, que demonstraram seu comprometimento e responsabilidade, revelando repetidamente seu heroísmo, trabalhando bem mais do que no presencial e tendo que enfrentar, juntamente com os pais, o descaso do governo com as desigualdades”, disse.

Na live, Bolsonaro também defendeu o retorno das aulas presenciais durante a pandemia, algo que pode colocar em risco milhares de alunos e educadores. Para a deputada estadual Professora Bebel (PT-SP), ao contrário do que o presidente afirma, escolas foram fechadas para "salvar vidas", pois as mesmas não estão preparadas para seguir o protocolo sanitário exigido na pandemia.

"O presidente Jair Bolsonaro nunca escondeu seu desprezo pela Educação. Assim, tem perseguido a Ciência, as universidades e, como não podia deixar de ser, os professores. O mundo todo, respeitando a recomendação da OMS, fechou as escolas. Isso não aconteceu porque os professores queriam ficar em casa, como disse Bolsonaro. Foi necessário para salvar vidas", afirma, em entrevista à Fórum.

"A Apeoesp [Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo] defende que as aulas presenciais sigam suspensas simplesmente porque as escolas não estão preparadas para seguir o protocolo sanitário exigido. Muitas sequer têm uma torneira para a devida higienização das mãos. Além disso, a volta às aulas vai sobrecarregar o sistema de transporte público, que já está caótico. E sabemos que as crianças, apesar de se contaminarem menos, transmitem a doença, colocando em risco professores, funcionários das escolas e familiares", completa.

A deputada federal Margarida Salomão (PT-MG) também destacou em entrevista à Fórum os cortes de Bolsonaro na educação e o chamou de "inimigo" do setor. "Bolsonaro é realmente um inimigo da educação: quer reduzir o orçamento do MEC, não respeita a autonomia universitária e demonstra seu desprezo pelos profissionais da educação, fundamentais para o desenvolvimento do Brasil", afirma.

Confira a nota completa da Contee:

A Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino – Contee repudia os ataques do presidente Jair Bolsonaro aos professores, aos sindicatos e à própria vida de estudantes, trabalhadores do ensino e familiares realizado nesta quinta-feira, 17. Em pronunciamento nas redes sociais, ele desqualificou os profissionais do ensino, dizendo que “eles ficam em casa e não trabalham” e que pretendem “que a garotada não aprenda mais coisas, não volte a se instruir”. Agrediu, ainda, os sindicatos dos professores que exigem o cumprimento de procedimentos de segurança sanitária para que alunos e profissionais do ensino retornem às escolas.

Inimigo da educação, da ciência e do ensino, contra a qual promove cortes orçamentários, sucateia estabelecimentos públicos do setor e incentiva a perseguição a professores, o Governo Bolsonaro tem colocado o lucro dos grandes empresários acima de todos e de tudo, e para isso nega a gravidade da pandemia do coronavírus, que já levou à morte mais de 135 mil brasileiros. O presidente despreza e incentiva o desrespeito às normas de prevenção e segurança contra a pandemia, violando orientações de seu próprio governo, e investe contra governantes, entidades científicas e organizações populares que atuam em defesa da vida.

Representante legítima de mais de 1 milhão de professores e técnicos administrativos que atuam na educação privada, a Contee destaca a atuação incansável dos sindicatos de sua base em defesa dos direitos dos professores, técnicos administrativos e alunos das instituições de ensino. Congratula-se com os profissionais que, impossibilitados pela pandemia de ir trabalhar nas escolas, multiplicam seus afazeres em casa para garantir o desenvolvimento e acompanhamento dos alunos durante este necessário período de isolamento social. Manifesta sua solidariedade às vítimas da pandemia e seus familiares e amigos. Reafirma seu posicionamento contrário à precipitação na volta às aulas, como pretendem Bolsonaro e vários proprietários de escolas particulares, e defende que o retorno das atividades escolares seja realizado com critérios científicos e garantindo condições seguras e saudáveis de aprendizado e trabalho.