Após semanas de negociação, a maioria dos partidos de oposição anunciou neste sexta-feira (18) adesão ao bloco do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), para o comando da Mesa Diretora da casa legislativa. PT, PSB, PDT, PCdoB e Rede estarão na chapa e prometem articular um candidato do bloco oposicionista.
"Hoje o PT tomou a decisão de integrar esse bloco. Temos muitas diferenças, travamos muitos embates - principalmente na agenda econômica - mas tem uma pauta que nos une: a defesa da democracia no Brasil, das instituições e da liberdade desta Casa. É isso que vai nortear a nossa atuação e a direção dos espaços. Achamos muito relevante participar deste movimento", disse a presidenta nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PT-PR), em coletiva de imprensa.
Enquanto os demais partidos já haviam sinalizado em favor do bloco com Maia, o PT ainda debatia internamente e defendia o lançamento de uma frente de oposição. Segundo Hoffmann, essa ideia não foi descartada. Os oposicionistas afirmam que vão apresentar um candidato ao bloco, que vai avaliar a viabilidade.
Até o momento, os pré-candidatos do bloco são Aguinaldo Ribeiro (PP-PB) e Baleia Rossi (MDB-SP) - presidente nacional do MDB. Além dos partidos de oposição, do MDB e do DEM, conformam o bloco PSL, PSDB, Cidadania e PV. A frente se denomina "União da Democracia e da Liberdade".
O objetivo principal da união de forças é impedir que Arthur Lira (PP-AL) conquiste o comando da Câmara. Ele é aliado do presidente Jair Bolsonaro.
Único partido opositor a ficar de fora, o PSOL foi lembrado pela presidenta do PT. "Estamos com os partidos de oposição – PDT, PSB, Rede, PCdoB – e gostaríamos muito que o PSOL se incluísse neste bloco”, completou.
Em nota, o partido anunciou que se compromete a "divulgar para a população, e apresentar aos integrantes do Bloco, um programa de defesa da democracia, da participação proporcional nas instâncias dirigentes da Câmara e de intransigente oposição a qualquer revogação de direitos humanos, políticos e sociais".
Rodrigo Maia fez uma publicação comentando sobre a união: "Hoje anunciamos um bloco que vai seguir pelo caminho democrático, pela independência da Câmara. Vamos dialogar para definir um nome que possa representar e manter de pé uma união de partidos tão diferentes, mas com grande convergência na defesa da democracia".
"Enquanto alguns buscam corroer e destruir nossas instituições, trabalhamos para preservá-las", completou.
Confira o manifesto lançado pelo grupo:
Amigas e amigos,
É inegável a projeção que a Câmara dos Deputados ganhou nos últimos dois anos. E é premente entender o porquê disso. Certamente há vários motivos, mas acreditamos que existe uma razão principal.
Ganhamos relevância porque nos tornamos a fortaleza da democracia no Brasil; o território da liberdade; exemplo de respeito e empatia com milhões de cidadãos brasileiros.
Porque enquanto alguns buscam corroer e lutam para fechar nossas instituições, nós aqui lutamos para valorizá-las. Enquanto uns cultivam o sonho torpe do autoritarismo, nós fazemos a vigília da liberdade. Enquanto uns se encontram nas trevas, nós celebramos a Luz.
Este grupo que hoje se apresenta tem muitas diferenças, sim. Porque, diferente daqueles que não suportam viver no marco das leis e das instituições e que não suportam o contraditório, nós nos fortalecemos nas divergências, no respeito, na civilidade e nas regras do jogo democrático.
Para manter a chama da democracia acesa, a Câmara deve ser livre, independente e autônoma, garantindo a nossa sintonia maior, com a sociedade e com o povo brasileiro.
Esta não é uma eleição entre candidato A ou candidato B. Esta é a eleição entre ser livre ou subserviente; ser fiel à democracia ou ser capacho do autoritarismo; ser parceiro da ciência ou ser conivente com o negacionismo; ser fiel aos fatos ou ser devoto de fake news.
É por isso que hoje nos unimos!
Nos fortalecemos na diferença, no respeito às instituições e na liberdade. A Câmara vai escolher se será companheira de um projeto de poder que menospreza as instituições e que por inúmeras vezes sugeriu o fechamento desta Casa, ou se será livre para defender e aprofundar a nossa democracia, preservando nosso compromisso com o desenvolvimento do país.
Certamente, Ulysses Guimarães estaria deste lado aqui e talvez repetira em alto e bom som: eu tenho ódio e nojo das ditaduras.
Somos a União da Democracia e da Liberdade!"
Assinam:
DEM
PT
PSL
PSB
PSDB
CIDADANIA
PDT
REDE
PCDOB
PV
MDB