Rejeitado por manifestos pela democracia, Moro se oferece pra assiná-los

"Agora, se há uma incompreensão das pessoas que fazem parte desses movimentos em relação à minha pessoa, talvez não seja o caso então, porque não me querem lá", diz o ex-ministro

Sérgio Moro - Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil
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Em entrevista publicada na Folha de S. Paulo no último sábado (6) ex-ministro e ex-juiz Sergio Moro acena, pela primeira vez, depois de ser ignorado, aos recém-criados movimentos que se autodenominam pró-democracia e compara o PT (Partido dos Trabalhadores) ao presidente Jair Bolsonaro.

Para Moro, o PT não reconhece erros cometidos durante seu período no governo federal em relação aos desvios na Petrobras. Nas palavras do ex-juiz da Lava Jato, é a mesma coisa que discurso negacionista de Bolsonaro sobre a pandemia do coronavírus. "É um erro isso", diz.

À Folha, Moro diz que está "em aberto" a possibilidade de ele aderir a esses movimentos em defesa da democracia e contra o governo, mas não disse se foi convidado.

O ex-juiz não vê constrangimento em integrar manifestos que possam ter membros críticos a seu trabalho como juiz da Lava Jato. "Na democracia temos muito mais pontos em comum do que divergências. As questões pessoais devem ser deixadas de lado", disse. "Não fui algoz de ninguém".

Ao ser perguntado se faria parte de um manifesto com Flávio Dino, governador do Maranhão e crítico contumaz de seu trabalho, ele responde "Essas questões nunca foram de nível pessoal. Agora, se há uma incompreensão das pessoas que fazem parte desses movimentos em relação à minha pessoa, talvez não seja o caso então, porque não me querem lá, não vou aderir, mas sempre tive minha posição muito firme de defesa do Estado de Direito e da democracia. Minha própria saída do governo é isso."

"A democracia é um pressuposto fundamental, independentemente de qualquer partido, qualquer grupo. Na democracia temos muito mais pontos em comum do que divergências. As questões pessoais devem ser deixadas de lado", diz Sérgio Moro, insistindo que o governo Jair Bolsonaro só ficou antidemocrático agora. "Quando entrei, alguma pessoas me falaram que viram minha entrada como alívio porque eu exerceria o papel moderador, tenho histórico de juiz, de respeito ao Estado de Direito, e sempre me vi dessa forma, como espécie de um anteparo a medidas mais autoritárias. Quando verifiquei que não tinha mais condições de exercer esse papel, eu sai".