"Tropa bolsonarista" interrompe denúncia de deputada do PSOL sobre viagens de Salles ao Pará

Vivi Reis falava sobre conluio do ministro com madeireiros quando foi atacada por deputados bolsonaristas. "Quer agredir o ministro, vá a outra reunião", disse parlamentar

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Em audiência realizada nesta segunda-feira (3) pela Comissão de Meio Ambiente da Câmara, que contou com a presença do ministro Ricardo Salles, a deputada federal Vivi Reis (PSOL-PA) teve a fala interrompida por parlamentares bolsonaristas enquanto denunciava crimes ambientais do ministro no Pará.

“Boa tarde a todos e todas, eu sou a Vivi Reis, deputada federal do PSOL no Pará, estado esse que o ministro frequentemente visita, para fazer negociações com os madeireiros, com garimpeiros, com grandes empresários. Em abril deste ano, a Polícia Federal apreendeu 200 mil metros cúbicos de madeira”, falava a parlamentar, quando foi interrompida.

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“Pela ordem, está fora da pauta, presidente”, disse o deputado Nelson Barbudo (PSL-MT) a presidente da comissão, Carla Zambelli (PSL-SP). “A senhora quer agredir o ministro, vá a outra reunião”, acrescentou.

O deputado Éder Mauro (PSD-PA) endossou o ataque: “A senhora deputada Vivi, do PSOL do Pará, está fugindo completamente da pauta que está sendo tratada”. Vivi então retruca: “Trinta segundos eu falei. Como Vossa Excelência diz que estou fugindo do objeto?”.

Zambelli pediu que Vivi Reis se restringisse ao tema e que “nenhum deputado poderá se referir de forma descortês ou injuriosa a membro do Poder Legislativo ou autoridade constituída a este ou demais poderes da República”.

A deputada do PSOL disse que nem havia começado a falar, mas logo foi interrompida por Salles. “A senhora fez insinuações à minha pessoa que não são verdadeiras”, disse. A deputada questionou a relação do ministro com madeireiros e finalizou: “A boiada não vai passar, ministro”.

Invasão a sindicato

Um grupo de ao menos 100 madeireiros invadiu a sede do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Santarém (STTR), no Pará, na manhã desta segunda.

Segundo informações do jornal Estado de S.Paulo, a invasão foi motivada por uma decisão judicial que suspendeu a exploração de madeira na reserva extrativista Tapajós Arapiuns. O local abriga 22 mil pessoas, entre indígenas e não indígenas.