Única governadora eleita, Fátima Bezerra venceu a seca e a morte na infância para comandar o Rio Grande do Norte

Pedagoga, que herdou da mãe parteira a afinidade com as questões políticas, foi a única a conquistar um cargo executivo em eleição marcada por discursos de preconceito e ódio.

Foto: Reprodução/Facebook
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Nascida no povoado de Nova Palmeira, no interior da Paraína, em 1955, Fátima Bezerra venceu a seca do sertão e o atropelamento por um caminhão quando criança para tornar-se uma defensora da educação e tomar posse na tarde desta terça (1º) como única governadora eleita no pleito de 2018, marcado por discursos de ódio contra a esquerda e também por atos de racismo, preconceito e misoginia. A vitória nas eleições ao governo do Rio Grande do Norte dá sequência a uma luta de toda uma vida da pedagoga que foi morar ainda nos anos 70 na casa de uma tia em Natal, onde entrou em contato com a política pelo movimento sindical. Graduada em pedagogia pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Tornou-se professora da rede pública na prefeitura de Natal e no governo estadual. Foi vice-presidente (1980-1982) e presidente (1982-1985) da Associação dos Orientadores Educacionais; secretária-geral da Associação dos Professores (1985-1987); secretária-geral (1989-1991) e presidente (1991-1994) do Sindicato dos Trabalhadores em Educação; todos no estado do Rio Grande do Norte. A primeira eleição, para a assembleia do Estado, foi vencida em 1994. Mas, o sangue pela política foi herdado por Fátima da mãe, Luzia Mercês do Amaral, que fazia partos gratuitos e pelo carinho herdado do trabalho fazia a interlocução da comunidade com os políticos da região. Vitórias e derrotas Fátima Bezerra venceu todas as eleições que disputou para o parlamento, incluindo dois mandatos deputada estadual (1994 e 1998), três de deputada federal (2002, 2006 e 2010) e um mandato de senadora (2014). Nesse período, a governadora eleita também perdeu quatro eleições para a prefeitura de Natal. AS duas primeiras, em 1996 e 2000, a petista foi derrotada pela ex-prefeita e ex-governadora Wilma de Faria. As duas últimas, 2004 e 2008, saíram vitoriosos das urnas Carlos Eduardo Alves e Micarla de Sousa, respectivamente. Nas lutas pela educação, Fátima foi relatora Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb), defendeu sua permanência e se dedicou com afinco ao programa de expansão das universidades e dos institutos federais. A ela se atribui parte da responsabilidade pelo crescimento do número de unidades do IFRN, que passou de 2 para 21 durante os governos do PT. A petista também atuou na gestão do programa Caminho da Escola levando aos ministérios relatórios dos municípios que precisavam receber transporte escolar. Em 2010, após dois anos da criação do programa, o governo federal já havia transferido ao Rio Grande do Norte cerca de R$ 24 milhões a 128 municípios do estado para aquisição de 155 ônibus escolares. Um dos maiores embates de repercussão internacional ocorreu em 2017, quando Fátima Bezerra (RN), Gleisi Hoffman (PR) e Vanessa Graziottini (PCdoB) ocuparam a mesa do Senado Federal para impedir a votação da Reforma Trabalhista. As parlamentares chegaram a ser ameaçadas de agressão física por alguns colegas, que apelaram para desligar a energia da Casa enquanto as senadoras estiveram na mesa. Com informações da Agência Saiba Mais.