Vítimas de censura na Bienal, escritores gravam vídeo entoando “Apesar de Você”, de Chico Buarque

Outro manifesto foi lido por Thalita Rebouças e assinado simbolicamente por ao menos 75 escritores, só entre os que participaram do Café Literário, espaço de debate da feira

Thalita Rebouças - Foto: Divulgação
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Um grupo de escritores, editores e organizadores da Bienal do Livro do Rio de Janeiro lançou dois manifestos neste domingo (8), contra a tentativa do prefeito Marcelo Crivella (PRB) de censurar títulos que abordam a temática LGBT. Um é um vídeo entoando a letra da canção “Apesar de Você”, composição de Chico Buarque, símbolo de combate à ditadura militar. A organização do ato foi da jornalista e escritora Thalita Rebouças, autora de “Confissões de um Garoto Tímido, Nerd e (Ligeiramente) Apaixonado”, um dos 14 mil exemplares distribuídos a leitores na Bienal pelo youtuber Felipe Neto. Ele também é um dos que interpretam trechos da canção, assim como Laurentino Gomes, Miriam Leitão, Fabrício Carpinejar e Pedro Bandeira. Outro manifesto foi lido por Thalita no domingo. O documento foi assinado simbolicamente por ao menos 75 escritores, só entre os que participaram do Café Literário, um dos espaços de debate da feira. Veja a íntegra do manifesto: “A Bienal Internacional do Livro Rio é a oportunidade que temos, a cada dois anos, de nos reunirmos, encontrar nossos públicos, nos inspirar e debater livremente sobre todo e qualquer tema, sem restrições e com empatia. Um evento de conteúdo qualificado e diverso, reconhecido nacional e internacionalmente como o maior festival cultural do Brasil. Nos últimos dias, a Bienal se tornou um abrigo democrático, ao lado de 600 mil pessoas que prestigiaram o evento, contra as insistentes tentativas de censura. Se engana quem pensa que o alvo é a Bienal Internacional do Livro. O alvo somos todos nós, cidadãos brasileiros, pois não precisamos ter quem determine o que podemos ler, pensar, escrever, falar ou como devemos nos relacionar. O brasileiro não precisa de tutor. Precisa de educação para que cada um possa fazer suas escolhas com consciência e liberdade. Foi com alívio e muito orgulho que recebemos as duas decisões de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) neste domingo (8/9), impedindo que a Bienal Internacional do Livro continuasse sofrendo assédio à literatura e aos seus leitores. Do contrário, se criaria uma jurisprudência que colocaria todos os eventos culturais, autores, editoras e livrarias do Brasil à mercê do entendimento do que é próprio ou impróprio a partir da ótica de cada um dos 5.470 prefeitos do país. Encerramos essa edição histórica da Bienal Internacional do Livro Rio com o coração cheio de orgulho e determinação. A Bienal não acaba hoje. Ela seguirá em cada um de nós todos os dias. O festival foi memorável. Deu voz e ouvidos a todos os públicos. Reuniu e celebrou a cultura junto com autores, artistas, pensadores, líderes sociais, religiosos, jornalistas, acadêmicos, ativistas, e muitos outros. Viva a Bienal do Livro Rio! Viva a cultura! Viva a liberdade e a democracia!!”.