Weintraub assume que fugiu para os EUA por causa de inquérito: "Estou livre para voltar"

Ex-ministro da Educação, um dia antes de deixar oficialmente o cargo, foi para os EUA, usando passaporte diplomático, temendo ser preso

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Após a notícia de que o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, arquivou o inquérito dos atos antidemocráticos, o ex-ministro da Educação, Abraham Weintraub, foi às redes sociais, nesta quinta-feira (1), para comemorar. Na postagem, ele admitiu que fugiu do Brasil por contra da investigação da qual era alvo.

"ACABOU! O processo foi arquivado. Estou LIVRE para voltar ao BRASIL, me aguardem. Um beijo a todos (menos para a tigrada). Hoje eu vou comemorar!", escreveu o olavista, que atualmente mora nos Estados Unidos.

https://twitter.com/AbrahamWeint/status/1410708445288882178

Weintraub deixou o Ministério da Educação em junho de 2020, logo após o STF ter decidido mantê-lo entre os investigados no inquérito dos atos antidemocráticos, agora arquivado. À época, ele confessou que estava indo para os Estados Unidos com o intuito de evitar ser preso.

Ele já havia anunciado a saída do governo, mas sua exoneração foi publicada somente depois que ele entrou no país. Ou seja, a oficialização de sua demissão foi retardada para que ele pudesse sair do Brasil utilizando o passaporte diplomático de ministro.

Atualmente, bolsonaristas cogitam lançar Weintraub como candidato ao governo de São Paulo nas próximas eleições.

Arquiva um inquérito, abre outro

Nesta quinta-feira (1), mesmo dia em que arquivou, a pedido da procuradoria-geral da República (PGR), o inquérito dos atos antidemocráticos, o ministro Alexandre de Moraes abriu outro inquérito para investigar Jair Bolsonaro, o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e o senador Flávio Bolsonaro (Patriotas-RJ) por organização criminosa. O presidente e três dos seus filhos foram apontados pela Polícia Federal (PF) como possíveis integrantes de milícia digital, que promove a disseminação de fake news.

Relatório da PF menciona autoridades que estariam envolvidas com a propagação de notícias falsas e ataques, com o objetivo de desestabilizar o Estado Democrático de Direito e subverter a democracia.

Entre os citados estão Jair Bolsonaro, os filhos Flávio, Eduardo e Carlos Bolsonaro e vários deputados bolsonaristas, como Bia Kicis (PSL-DF) e Carla Zambelli (PSL-SP).

“O relatório cita textualmente as seguintes pessoas: Jair Messias Bolsonaro, Tércio Arnaud Tomaz, Eduardo Nantes Bolsonaro, Paulo Eduardo Lopes, Eduardo Carlos Guimarães, Carlos Nantes Bolsonaro, Flávio Nantes Bolsonaro, Alana Passos, Leonardo Rodrigues Barros Neto, Anderson Luis de Moraes, Vanessa do Nascimento Navarro, Paulo Nishikawa, Jonathan Willian Benetti”, diz um trecho do relatório do ministro.

Moraes determinou que o novo inquérito analise “a presença de fortes indícios e significativas provas apontando a existência de uma verdadeira organização criminosa, de forte atuação digital e com núcleos de produção, publicação, financiamento e político absolutamente semelhante àqueles identificados no Inquérito 4.781, com a nítida finalidade de atentar contra a Democracia e o Estado de Direito”.

Conforme a decisão do ministro, o inquérito terá prazo inicial de 90 dias e será conduzido pela equipe da delegada Denisse Dias Rosas Ribeiro, da PF, em razão da conexão com o inquérito que ele mandou arquivar sobre os atos antidemocráticos.