Zanin afirma que Moro induziu o Judiciário ao erro no processo de Lula

O advogado de Lula disse ainda que Moro ter se tornado ministro do atual governo, além de outras circunstâncias depois reforçadas pela Vaza-Jato, reforçam a sua suspeição

Foto: Ricardo Stuckert
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Cristiano Zanin Martins, advogado de defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou, em entrevista às páginas amarelas da Revista Veja que chega às bancas nesta sexta-feira (22), que o então juiz e atual ministro da Justiça, Sérgio Moro, induziu o Judiciário ao erro no processo de Lula. “O vício decorre da suspeição de Moro e permanece mesmo após a análise por outras instâncias. A razão é simples: o momento fundamental do processo é a instrução, a fase da coleta de provas, e quem conduziu isso foi o então juiz Moro. O que chegou às instâncias superiores foi esse conjunto probatório, com todos os problemas decorrentes dessa situação. Moro induziu o Judiciário ao erro”, disse. Zanin lembra também que o fato de Moro ter se tornado ministro do atual governo, além de outras circunstâncias depois reforçadas pela Vaza-Jato, também reforçam a sua suspeição. Para ele, “a verdade histórica está chegando muito rapidamente, e acho que a Vaza Jato teve contribuição importante. Tem o livro escrito pelo ex­-procurador-geral da República Rodrigo Janot reconhecendo que o Lula era uma obsessão da Lava Jato”. Zanin alerta que o fato de se tratar de um ex-presidente não justifica a obsessão de um juiz por ninguém. Sobre o fato das revelações do The Intercept Brasil terem sido obtidas de maneira ilegal, ele ressalta se tratar “de prova para reforçar teses defensivas, e não há obstáculo para que ela seja levada em consideração e reforce um cenário que já havia sido exposto”. Ele diz ainda que a defesa sempre demonstrou “que existia um consórcio entre o juiz e a acusação, que atuavam como um bloco monolítico. Essa ligação foi feita desde 2016, na primeira manifestação que levamos ao processo de Lula”. Zanin diz ainda que a operação Lava Jato “vai deixar um legado negativo, com muitas violações às garantias fundamentais e aos direitos humanos. É impossível dissociar essas ilegalidades dos eventuais ganhos no combate à corrupção — que tem de ser feito, mas dentro da legalidade. A Constituição foi claramente desrespeitada”, alerta. O advogado disse esperar poder dar a Lula a opção de disputar as próximas eleições, mas não pode garantir isso. “O que podemos é trabalhar com vistas à anulação de todo o processo, e isso poderia restabelecer os seus direitos políticos”. Ao final, perguntado sobre quem paga a defesa de Lula, ele lembrou que o ex-presidente “sempre bancou seus advogados, mas o bloqueio de seus bens há um ano causou um prejuízo relevante à sua defesa”. Ele avisa que tem o dever ético de não entrar em detalhes a este respeito, mas valia a possibilidade de abrir um crowdfunding. “Não há definição sobre meta de arrecadação, mas, se a Justiça não liberar os recursos, vemos essa alternativa como a única para fazer frente aos custos da defesa diante dos passos relevantes que ainda estão pela frente”, encerra.