Não ao Racismo! - Por Juca Ferreira

Essa luta só irá avançar, crescer e se ampliar para todo o tecido social nos próximos anos. Já é uma dimensão da luta democrática do país, mas tende a se tornar um dos seus temas centrais.

Ato no Dia da Consciência Negra no Rio de Janeiro (Reprodução)
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Ontem foi um dia importante para o Brasil, diante da demonstração da força da luta contra o racismo.

Uma oportunidade excepcional para a sociedade tomar consciência da importância de incluir o racismo na lista das principais mazelas do país.

Estamos precisando de um grande NÃO! ao racismo, amplo, geral e irrestrito.

Muita gente na rua, de norte a sul, protestando em todo o tertitório nacional. E não só nas ruas. A condenação ao racismo esteve presente também na grande mídia impressa e televisiva e praticamente ocupou toda a internet.

Se analisarmos as manifestações, os textos e comentários, dá para perceber que perspectivas distintas se manifestam no interior desse movimento social gigantesco.

Normal que isso aconteça. Quanto mais cresça, mais plural ele será, sob todos os aspectos. Com um pouco de atenção, percebemos que essas diferenças de perspectiva vão desde a conquista de igualdade racial de fato, para todos, como se tivesse chegado a hora do Brasil se livrar definitivamente da herança da escravidão, do seu racismo estrutural, com todo seu repertório de taras e perversões. E, até os que querem apenas um inclusão seletiva, individual, para alguns somente. O subtexto dessa perspectiva limitada seria aceitar a sociedade como ela é, incluindo a abissal desigualdade social, deixando os trabalhadores pobres e suas famílias excluídos e segregados, quase todos negros, vivendo nas periferias, favelas e guetos, submetidos à miséria e à condições subumanas. Temos hoje, no Brasil, milhões de famílias passando fome e condenados a viver na pobreza, submetidos a um nível de violência compartilhada por algozes distintos: o tráfico, as milícias e a polícia.

Essa luta só irá avançar, crescer e se ampliar para todo o tecido social nos próximos anos. Já é uma dimensão da luta democrática do país, mas tende a se tornar um dos seus temas centrais. Já conquistou parte das camadas médias da sociedade, mas tem tudo para crescer muito mais e desenvolver um antirracismo ativo, militante em toda a sociedade. Já tem uma importância cultural, política, no mundo do trabalho, nas relações individuais, na instância institucional, na publicidade, na educação.

O Brasil deve essa consciência que está adquirindo ao povo negro, a Zumbi e o Quilombo dos Palmares e aos movimentos negros contemporâneos e sua luta por igualdade e por uma verdadeira emancipação.