O House of Paranauê da greve dos caminhoneiros, por Elika Takimoto

Resumindo foi isso, gente: Bolsonaro sendo engolido pelos monstros raivosos que ele ajudou a alimentar

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Se vocês dormiram, perderam um dos episódios mais épicos do House of Paranauê. Fizeram bem em dormir. Mas perderam.

Teve de tudo, gente. Vou tentar resumir.

O 7 de setembro flopado cuja expectativa era invadir o STF com intervenção militar terminou com tudo no lugar onde estava em 6 de setembro do mesmo ano.

No dia seguinte, dia 8, teve bolsonaristas tentando invadir o Ministério da Saúde na intenção de decretarem estado de sítio de Atibaia e o fim da pandemia.

Daí, caminhoneiros fizeram algo que é inconstitucional: o locaute (quando o empresário se recusa a ceder para os trabalhadores o meio para que continuem produzindo). Não é greve. É locaute. Crime.

Eles fecharam algumas estradas pelo Brasil e muitos ficaram ali perto da esplanada.

Caos.

Alguém falou para eles de noite que Bolsonaro havia decretado Estado de Sítio. Festa no play!

Teve caminhoneiros gravando vídeo chorando de alegria chamando Bolsonaro de mito.

Nessa hora, eu fiz pipoca. Era meia noite.

Depois, Bolsonaro viu a situação tensa e mandou um áudio pedindo para pelamor de Jesus branco e hétero para que eles voltassem a trabalhar.

Caminhoneiros acharam que eram o Adnet.

Engasguei com uma pipoca de tanto rir.

O tal do Zé Trovão - que é um personagem que apareceu no ducentésimo quinto episódio dessa temporada - gravou um vídeo desesperado dizendo que estava sendo perseguido pela polícia e que não acreditava no áudio.

Um pouco antes disso, o ministro Tarcísio já tinha gravado - em caráter de urgência - um vídeo dizendo que o áudio do Bolsonaro era real e que era para todo mundo voltar a trabalhar.

Zé Trovão não se contentou. Gravou outro vídeo pedindo desesperado para Bolsonaro gravar ele próprio um vídeo explicando o que estava acontecendo já que os caminhoneiros estavam fechados com o presidente e tentando salvar o Brasil.

Senti algo, neste momento, que não tem como descrever na língua portuguesa. É como se eu achasse o melhor livro de piada no inferno. Em alemão, tem a palavra para isso. Mas eu não sei falar alemão.

Bem. Lá pelazuma da madruga, o deputado Otoni - que falou que o áudio do Bolsonaro era falso anteriormente - saiu das profundezas do inferno e foi tentar conversar com os caminhoneiros.

A fala do Otoni de poucos minutos precisa entrar para a história.

Em determinado momento, ele diz que se os caminhoneiros continuarem bloqueando tudo a negociação entre a Europa e o Mercosul não acontecerá.

Nesse instante um caminhoneiro grita lá de trás:

"Deputado, nós temos um problema: eu quero que a Europa se fod*".

E ainda tinha caminhoneiros gravando outros vídeos emocionados acreditando que estávamos em Estado de sítio. Os vídeos não paravam de chegar alimentando a minha insônia e um sentimento bom, mas confuso.

Lá pelas tantas, Magno Malta apareceu em outro vídeo em frente a um relógio em Brasília para provar que era ele de verdade, acordado de verdade. Que era tudo verdade. Ele usava camiseta do Sérgio Reis e falava em Deus. Sérgio Malta queria mostrar o apoio a manifestação dos caminhoneiros.

Resumindo foi isso, gente: Bolsonaro sendo engolido pelos monstros raivosos que ele ajudou a alimentar.

Pelo início desta manhã, Adnet acordou e fez um áudio para os caminhoneiros imitando Bolsonaro. Ele pedia para todos ficarem em pé e dançarem a Macarena. Ouça abaixo:

https://twitter.com/MarceloAdnet/status/1435842398215720961