SAÚDE

Garimpo ilegal contamina 75% da população de Santarém

Estudo conclui que atividade é responsável pela contaminação de pescados e, consequentemente, pelos níveis elevados de mercúrio no sangue das pessoas

Participantes da pesquisa que declararam consumo diário de pescados apresentaram maiores taxas de mercúrio no sangueCréditos: José Cruz/Agência Brasil
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Um artigo publicado em 28 de fevereiro no International Journal of Environmental Research and Public Health concluiu que o garimpo ilegal na região do alto e médio rio Tapajós, no município de Santarém, no Pará, é responsável pela contaminação de pescados e, consequentemente, pelos níveis elevados de mercúrio presentes no sangue da população. A reportagem é do site InfoAmazonia.

O estudo, realizado pela Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa) em parceria com a Fiocruz e o WWF, coletou o sangue de 462 pessoas entre 2015 e 2019 e concluiu que todos os participantes da pesquisa apresentaram níveis elevados de mercúrio no sangue, sendo que 75,6% deles apresentaram concentrações do metal acima do limite de 10 µg/L (microgramas por litro) recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS). A média da concentração na população santarena é quase quatro vezes superior ao limite seguro da OMS.

Apesar da prevalência da exposição ao mercúrio ser maior entre ribeirinhos, moradores da área urbana de Santarém também têm o sangue contaminado. 57,1% destes apresentaram taxas acima do considerado seguro pela OMS. Este percentual foi de 59,5% naqueles que vivem às margens do rio Tapajós e 40,5% nos que moram na margem do rio Amazonas.

Pessoas que consomem pescados têm maiores taxas de mercúrio no sangue

Participantes da pesquisa que declararam consumo diário de pescados apresentaram maiores taxas de mercúrio no sangue. Os dados indicam que este hábito alimentar está relacionado a diferentes marcadores sociais, como local de residência e escolaridade. O maior nível de mercúrio foi detectado no grupo de analfabetos (45,8 a 50,9 µg/L) e o menor entre os  com ensino superior (17,3 a 31,6 µg/L).

Desde que a fase de coleta das amostragens da pesquisa foi concluída, em 2019, o garimpo ilegal no rio Tapajós cresceu significativamente. De acordo com um levantamento do Instituto Socioambiental, apenas entre janeiro de 2019 e maio de 2021, a área devastada pelo garimpo dentro da Terra Indígena Munduruku, localizada no médio Tapajós, cresceu em 363%.