Estadão desdenha de desemprego e diz que "bico" avança pagando cada vez menos

Um dos principais defensores da devastação da legislação trabalhista, jornal critica o fraco desempenho da economia sem mencionar que apoia a política neoliberal de Guedes

Mutirão por emprego levou multidão para o Vale do Anhangabaú, em São Paulo (Foto: Reprodução/ Rede Globo)
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Sem mencionar que apoia a política econômica neoliberal de Paulo Guedes, o "Estado de S. Paulo" publicou uma reportagem criticando o fraco desempenho da economia brasileira, que reflete no desemprego e, consequentemente, no aumento de pessoas vivendo de "bicos".

O veículo divulgou números de uma pesquisa feita pela IDados a partir da Pnad Contínua do IBGE. De acordo com o estudo, entre o segundo trimestre de 2019 e o segundo deste ano, aumentou em mais de 2 milhões o número de brasileiros sem carteira assinada ou qualquer vínculo formal, com remuneração máxima de um salário mínimo por mês (R$ 1,1 mil).

No segundo trimestre de 2019, esse contingente representava 48,2% dos trabalhadores que atuavam por conta própria. Hoje, já é mais da metade (55,6%). Com uma condução desastrosa da economia, este tipo de trabalho precarizado é o único que cresce significativamente no governo de Jair Bolsonaro.

Segundo a pesquisa, o número de brasileiros com curso superior trabalhando de forma autônoma também cresceu no período - 643,6 mil novas pessoas. Atualmente, esse grupo soma mais de 25 milhões de pessoas, ou 28,3% dos ocupados.

A alta da inflação, que atinge todos os meandros no custo de vida dos brasileiros, e o medo do desemprego, também têm feito com que as pessoas aceitem remunerações menores.

No período analisado, houve aumento de mais de 2 milhões recebendo até um salário mínimo e acréscimo de cerca de 700 mil trabalhando por conta própria. “É uma maior precarização de um tipo de trabalho que sempre foi precarizado, face ao trabalho com carteira assinada", afirma a pesquisadora do IDados Ana Tereza Pires.

Apesar de trazer os números, a reportagem não responsabiliza em nenhum momento a má condução da economia brasileira pelo governo bolsonarista. Em um momento do texto, diz apenas que a principal responsável é a pandemia da Covid-19, sem citar as desastrosas contribuições de Bolsonaro e Paulo Guedes para afundar o Brasil.

Estadão defendeu reforma trabalhista

Conhecido por suas posições neoliberais, o Estadão foi um dos principais defensores da devastação da legislação trabalhista desde o governo golpista de Michel Temer, que retirou direitos fundamentais. A principal promessa da reforma trabalhista era gerar empregos, mas o resultado visivelmente na realidade concreta é o oposto disso.

Quase quatro anos depois, dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostram que, ao contrário disso, o desemprego disparou. No trimestre terminado em julho de 2021, a taxa de desocupação ficou em 13,7%. Esse número é quase dois pontos percentuais a mais que os 11,8% registrados no último trimestre de 2017. No período, o total de desempregados subiu de 12,3 milhões para 14,1 milhões.

Também não podemos esquecer do artigo publicado há três anos intitulado “Uma escolha muito difícil”, editorial que comparava Fernando Haddad (PT) e Jair Bolsonaro (Sem Partido). Recentemente, cometendo praticamente o mesmo erro, o Estadão divulgou um artigo de opinião em que chama o PT de “diabo” e diz que o partido “não se desculpa pelos seus erros”.