Ministério da Saúde fez reunião com negacionistas sobre vacinação infantil

Encontro foi na terça-feira (21) e contou com a participação de adeptos da cloroquina, de gente que assinou manifestos contra a vacina e até de dois indiciados na CPI da Covid-19

A secretária de Gestão do Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro, e o ministro da pasta, Marcelo Queiroga (Agência Brasil)
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Secretários do Ministério da Saúde fizeram uma reunião na última terça-feira (21) com conhecidas figuras negacionistas ligadas ao bolsonarismo para tratar da consulta pública que será aberta na quinta-feira (23) que discutirá a vacinação infantil no país. A Anvisa já liberou os imunizantes para essa faixa etária e o Supremo Tribunal Federal até determinou prazo para que o governo federal se posicione, mas a pasta chefiada por Marcelo Queiroga insiste em contrariar a ciência, sob influência do presidente extremista.

Segundo informa o portal Metrópoles, participaram da reunião pelo lado do governo Mayra Pinheiro, que ficou conhecida como Capitã Cloroquina, e Hélio Angotti Neto, um médico “olavista” (seguidor do astrólogo Olavo de Carvalho, guru místico do grupo ideológico de Jair Bolsonaro). Os dois foram indiciados pela CPI da Covid em outubro – Mayra Pinheiro por "epidemia com resultado morte, prevaricação e crime contra a humanidade" e Angotti por "epidemia com resultado morte e incitação ao crime".

Do lado dos “visitantes”, ou seja, de fora do Ministério da Saúde, estiveram presentes Bruno Campello de Souza e Ellen Guimarães, que integraram a catastrófica comitiva do governo federal que foi a Manaus em janeiro e que passou a maior parte do tempo indicando procedimentos sem eficácia contra a Covid-19, num dos momentos mais dramáticos e trágicos da pandemia no país, quando milhares de brasileiros morreram asfixiados por falta de suprimento de oxigênio. Foram também à reunião Roberta Lacerda de Miranda e Edmilson de Carvalho, dois signatários de um documento enviado na última semana à Anvisa clamando pela não liberação da imunização para crianças de 5 a 11 anos.

O diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações, o médico Roberto Kfouri, em entrevista ao portal G1, disse ficar surpreso com um chamado para discussões técnicas de pessoas que abertamente disseminam informações falsas e que são contrárias, sem qualquer justificativa plausível e científica, à vacinação contra o Sars-Cov-2.

"Causa estranheza o Ministério da Saúde receber médicos ou consultores que são contrários à vacinação, que propagam notícias falsas e por vezes até recomendam tratamentos não confirmados ou não efetivos contra a Covid-19", afirmou.