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20 de abril e os ataques a escolas: ou Telegram entrega dados de incentivadores ou sai do ar em 24h

Decisão da Justiça contra o aplicativo de mensagens ocorre na véspera da data cabalística de ameaças de ataques em instituições de ensino

Telegram pode ser suspenso no Brasil se não entregar dados de pessoas que planejam ataques em escolas.Créditos: Marcello Casal Jr/Agência Brasil
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Em meio à força-tarefa que vem sendo encapada pelo governo Lula para enfrentar a onda de ataques violentos a escolas, a Justiça Federal do Espírito Santo, atendendo a um pedido da Polícia Federal, deu um prazo de 24 horas, a partir desta quarta-feira (19), para que o aplicativo Telegram entregue dados grupos e de pessoas suspeitas de planejarem ou incentivarem atos do em instituições de ensino. 

Caso o Telegram não cumpra a decisão, o aplicativo poderá ser penalizado com sua suspensão no Brasil - isto é, o sistema ficará fora do ar, a partir de notificação a ser feita junto às operadoras de internet. A determinação vem após a Polícia Federal alegar que a empresa está se recusando a fornecer essas informações, que são essenciais para as investigações que visam interromper a onda de violência. 

A PF pretende, ao acessar esses dados, identificar grupos, boa parte deles neonazistas, que estariam utilizando o aplicativo para incentivar crianças a participarem dos atos de terrorismo nas escolas ou mesmo gerar pânico. 

O ultimato ao Telegram vem na véspera de um a data considerado cabalística para os incentivadores de ataques em escolas. O dia 20 de abril gera uma série de preocupações sobre a possível ocorrência de novos atos violentos pois representa não apenas o aniversário de Adolf Hitler, o ditador nazista alemão cultuado em muitos dos grupos que incentivam tais ataques, mas também o massacre de Columbine, nos EUA, que há 24 anos foi o primeiro ataque a escolas, no mundo, a ganhar uma ampla proporção midiática.

Operação 

Na véspera do dia 20 de abril, dia em que extremistas celebram o massacre de Columbine, ocorrido em 1999, e o aniversário do líder nazista Adolph Hitler, o ministro da Justiça, Flávio Dino, anunciou o desencadeamento de uma operação em cinco estados para prevenir ataques às escolas.

"Operação Escola Segura cumprindo mandados hoje em 5 Estados. Agradeço às polícias civis que estão atuando em rede com o Ministério da Justiça, para que tenhamos maior eficácia nas ações preventivas e repressivas", tuitou Dino na manhã desta quarta-feira (19).

Por conta do crescente número de ataques e de ameaças em razão da data, escolas estão cancelando aulas e muitos pais não pretendem enviar os filhos para as aulas nesta quinta-feira (20).

Nesta terça-feira (18), Dino recebeu uma comitiva de Blumenau que incluía pais de crianças assassinadas no ataque que deixou 4 mortos e 5 feridos em uma creche da cidade no dia 5 de abril. A comitiva levou propostas pedindo penas mais rigorosas aos autores dos massacres.

Em reunião com o presidente Lula, representantes do judiciário e dos governos estaduais e municipais, Dino apresentou dados da operação Escola Segura, que já resultou na prisão ou apreensão de 255 adultos e adolescentes nos últimos 10 dias.

“Quando nós olhamos uma situação em que 225 prisões e apreensões isso permite de modo de muito eloquente e cabal, dimensionarmos que não são casos isolados. Na verdade, é uma rede criminosa, estruturada. Sabe Deus com quais parâmetros ou com quais expirações para poder recrutar a nossa juventude para o mal”, disse o ministro. 

Segundo relatório apresentado pelo MJSP, um dia depois do ataque de Blumenau, tinha-se uma média de 400 denúncias por dia, chegando depois a uma média 1700 denúncias por dia, e agora, nos últimos 2 dias houve uma queda de 170 denúncias por dia, envolvendo também denúncias no site e na identificação de perfis na internet.