NAZISMO É CRIME

Professor de enfermagem é denunciado por apologia ao nazismo no Amapá

Alunos fotografaram garrafa d’água do docente, em sala de aula, com adesivo que estampa tradicional símbolo nazista; Unifap repudia oficialmente a conduta

A garrafa d'água do professor da Unifap com adesivo que faz referência ao nazismo.Créditos: Reprodução/Twitter
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Alunos da Universidade Federal do Amapá (Unifap) usaram as redes sociais na última sexta-feira (19) para denunciar apologia ao nazismo feita dentro de sala de aula por um professor de enfermagem. O docente levou para dentro das classes, na última semana, uma garrafa d’água que levava um adesivo com o famoso símbolo de uma águia segurando com as patas a cruz suástica, usado pelo regime de Adolf Hitler na Alemanha.

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O símbolo em questão, adesivado na garrafa do professor, é associado históricamente (e anterior ao nazismo) às ideias de poder e invencibilidade. A águia é considerada um emblema nacional desde o Sacro Império Romano Germânico, no século XIII, e foi absorvida pelo nazismo, no século XX, como uma maneira de representar a ideia de superioridade racial da suposta ‘raça ariana’, defendida por aquele regime.

“A Unifap tem obrigação de abrir sindicância e ao final do processo abrir uma denúncia formal ao Ministério Público Federal por apologia ao nazismo e por crime de racismo. Inaceitável”, escreveu um aluno da instituição que denunciou a conduta do professor no Twitter. Na opinião dele, o professor estava provocando alunos não brancos e/ou de esquerda, mas que uma universidade pública da Amazônia “jamais terá acolhida para nazistas”.

Após uma rápida pesquisa no site da Unifap cruzada com a própria publicação nas redes (que tem uma foto do rosto do professor), constatamos que se trata do professor Edmundo de Souza Moura Filho. Ele foi graduado em ciências biológicas pela Universidade Federal do Pará em 1992 e em Enfermagem e Obstetrícia pela Escola de Enfermagem Magalhães Barata em 1985. Entre 2001 e 2003 fez uma especialização em Saúde Pública na Fundação Oswaldo Cruz. Segundo seu currículo Lattes, está na Unifap desde 1992, quando se formou.

A Revista Fórum não conseguiu encontrar um contato direto do professor, sua página no CNPQ não disponibiliza um e-mail ou telefone pessoal. Diversas chamadas foram feitas, sem resposta, à Unifap. Por fim, um pedido de esclarecimento foi enviado, por e-mail, à universidade, que prontamente nos respondeu enviado uma nota de repúdio em relação ao episódio, que reproduziremos a seguir, na íntegra.

NOTA DE REPÚDIO

A Superintendência de Ações Afirmativas e Direitos Humanos da Unifap (Supadh), constituída para implementar a política de Diretos Humanos da Universidade, vem a público informar à comunidade acadêmica que já tomou conhecimento de denúncias envolvendo prática de apologia ao nazismo nas dependências da Universidade.

Informamos que já estamos adotando as medidas administrativas de competência desta Superintendência para garantir apuração rigorosa dos fatos informados publicamente em redes sociais na noite da última sexta-feira, 19.

Para além disso, destacamos nosso total repúdio a discursos de apologia ao nazismo que, além de crime, configuram um atentado reconhecido contra a dignidade e os direitos da pessoa humana.

A Universidade, como espaço formativo, tem a responsabilidade de construção de uma formação cidadã baseada na promoção e defesa de direitos. O Brasil tem uma política nacional de educação em Direitos Humanos que estabelece o compromisso das instituições de ensino superior com a formação para os direitos humanos em todos os campos da atuação (ensino, pesquisa e extensão).

Neste sentido, atuaremos com firmeza para garantir que nossa missão como instituição pública de ensino superior seja implementada e praticada em todas as instâncias e espaços da Unifap.

Reiteramos que qualquer denúncia envolvendo violação de direitos humanos deve ser encaminhada à Ouvidoria da Unifap para que a Supadh possa atuar conforme sua competência.