Atraso em insumos da China faz Fiocruz adiar entrega de vacinas para março

Anteriormente, o prazo apresentado pela instituição era em fevereiro

Foto: Josué Damacena/Fiocruz
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O atraso na importação do IFA (Ingrediente Farmacêutico Ativo) da China para o Brasil, provocada provavelmente pelos constantes ataques do governo Bolsonaro ao país asiático, vai atrasar em pelo menos um mês a entrega do primeiro lote de vacinas Oxford/AstraZeneca produzidas pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

Em documento enviado pela instituição ao Ministério Público Federal obtido pelo Estado de S. Paulo, a Fiocruz adia de fevereiro para março a entrega das primeiras doses, o que dificulta ainda mais o Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra a Covid-19.

"Estima-se que as primeiras doses da vacina sejam disponibilizadas ao Ministério da Saúde em início de março de 2021, partindo da premissa de que o produto final e o IFA apresentarão resultados de controle de qualidade satisfatórios, inclusive pelo INCQS (Instituto Nacional de Controle da Qualidade em Saúde). Importa mencionar que o período de testes, relativos ao controle de qualidade, está estimado em 17 dias, contados da finalização da respectiva etapa produtiva, acrescidos de mais 2 dias de análise pelo INCQS", diz trecho do ofício.

Dessa maneira, a instituição ainda abre espaço para um novo adiamento caso os insumos não cheguem até o fim do mês de janeiro.

Crise diplomática

Segundo informações difundidas mais cedo pela CNN Brasil, autoridades do governo brasileiro teriam admitido que os ataques de Eduardo Bolsonaro contra o embaixador da China em Brasília, Yang Wanming, podem ter dificultado a importação do IFA.

Na ocasião, a Embaixada da China no Brasil usou as redes sociais para criticar Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente Jair Bolsonaro, por fazer insinuações sobre o uma suposta espionagem que seria promovida pelo Partido Comunista Chinês através do serviço de 5G da Huawei.

O Ministério das Relações Exteriores, comandado por Ernesto Araújo, chegou a publicar uma nota em resposta à Embaixada. Ao invés de tentar minimizar o conflito, o Itamaraty condenou a postura da China, dizendo que a resposta ao deputado foi “ofensiva”, “desrespeitosa” e “prejudica a imagem da China junto à opinião pública brasileira”.

O parlamentar, que fez o ataque, não foi repreendido.