Maia sobe o tom contra Bolsonaro: "Como pode falar de isolamento vertical se não apresentou nenhum projeto?"

Presidente da Câmara ainda disse que o fim do isolamento social, defendido por Bolsonaro, é fruto de pressão daqueles que estão perdendo dinheiro na Bolsa; "A gente não pode deixar de cuidar das pessoas porque estão perdendo dinheiro"

Rodrigo Maia - Foto: Luis Macedo/Câmara dos Deputados
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Depois do vice-presidente Hamilton Mourão desautorizar Jair Bolsonaro e dizer que a posição oficial do governo é a do isolamento social, contrariando declaração feita pelo presidente, foi a vez do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), subir o tom contra o capitão da reserva por conta de suas orientações que contrariam as recomendações de especialistas sobre a pandemia do novo coronavírus.

Em coletiva de imprensa na tarde desta quarta-feira (25), Maia criticou Bolsonaro pelo fato de o presidente defender o chamado isolamento vertical - isto é, aquele focado apenas nos grupos de risco - sendo que o governo não tem projetos sobre o tema.

O presidente da Câmara considera que o governo dá "sinalizações erradas" e que tem discursos "desconectados" com o que está acontecendo no país.

"Eu fico pensando como alguém pode falar em isolamento vertical se até hoje não apresentou uma proposta de contigenciamento pros idosos brasileiros mais pobres. Como um governo pode falar de um assunto sabendo que temos milhares de idosos nas comunidades, e até hoje a gente não viu do governo qual a política pra isolar os idosos", disparou.

"Já que você quer uma política vertical você não pode tirar de uma comunidade, que tem crianças, adultos e idosos, tirar para trabalhar e voltar para um ambiente de 30 ou 40 metros quadrados", completou o parlamentar.

Antes, Maia havia dito ainda que o fim do isolamento, defendido por Bolsonaro, é fruto de pressão dos investidores que estão perdendo dinheiro com o declínio da Bolsa de Valores.

"Acho que a gente tem que tratar do curto prazo, daquilo que a gente consegue aprovar na Câmara dos Deputados. Esse enfrentamento sobre sair ou não sair do isolamento nada mais é que a pressão de milhares de pessoas que aplicaram seus recursos na Bolsa. E a gente não pode deixar de cuidar das pessoas porque estão perdendo dinheiro na Bolsa", afirmou.

Em pronunciamento em cadeia nacional de rádio e TV, Bolsonaro defendeu que as pessoas voltem às ruas, que os comércios sejam reabertos e voltou a chamar o coronavírus de "gripezinha", indo contra todas as recomendações de especialistas do Brasil e do mundo sobre o tema.