Em menos de 3 meses no governo Bolsonaro, Regina Duarte destrói reputação e perde salário de R$ 60 mil da Globo

De acordo com o presidente, a atriz está com "saudade da família" e, por isso, deixará Brasília para assumir a Cinemateca em São Paulo

Regina Duarte e Bolsonaro (Foto: Reprodução)
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O presidente Jair Bolsonaro publicou um vídeo em suas redes sociais na manhã desta quarta-feira (20) anunciando que a atriz Regina Duarte está deixando a Secretaria de Cultura do governo para assumir a Cinemateca, instituição responsável pela preservação da produção audiovisual brasileira, em São Paulo.

Regina assumiu a pasta no dia 4 de março deste ano. Portanto, ficou menos de três meses no cargo. Antes de assumir, a atriz precisou cancelar seu contrato na TV Globo de mais de 50 anos, com salário de cerca de R$ 60 mil.

De acordo com o ex-capitão, a atriz está com "saudade da família" e, por isso, será transferida para outro setor do governo. Regina, no entanto, vinha sofrendo um processo de fritura pelo presidente nas últimas semanas.

"Regina Duarte relatou que sente falta de sua família, mas para que ela possa continuar contribuindo com o Governo e a Cultura Brasileira assumirá, em alguns dias, a Cinemateca em SP. Nos próximos dias, durante a transição, será mostrado o trabalho já realizado nos últimos 60 dias", escreveu Bolsonaro.

Em vídeo compartilhado por ele, a atriz desmente o processo de fritura e diz que é um "presente" assumir a Cinemateca.

https://twitter.com/jairbolsonaro/status/1263091781782122496

Atrapalhadas no governo

Na visão da ala ideológica do governo, Regina Duarte não atendeu às expectativas por não ter retirado nomes ligados à esquerda do setor cultural. A atriz chegou a fazer uma apresentação para Bolsonaro sobre seus planos para a cultura, mas não convenceu o presidente por não intensificar a guerra cultural e ideológica que lhe interessava.

Com isso, a atriz passou a sofrer uma fritura no governo e a ser isolada no meio artístico, principalmente após sua entrevista concedida à CNN Brasil. Nela, Regina minimizou a ditadura, tortura do período e mortes recentes de importantes artistas brasileiros, o que fez com que ela virasse alvo de ataques nas redes. No domingo (17), a atriz chegou a reclamar no Instagram que estava sendo “vítima da infodemia”.

Com relação às frituras de Bolsonaro, o presidente exonerou na semana passada um dos primeiros nomeados de Regina Duarte à pasta: Pedro José Vilar Godoy Horta, ex-secretário especial adjunto da Secretaria Especial da Cultura do Ministério do Cidadania.

Na manhã desta terça-feira (19), o presidente continuou a provocar a atriz e publicou um trecho de uma entrevista concedida pelo ator Mário Frias à CNN Brasil, principal cotado para substitui-la na pasta.

No vídeo, Frias tece elogios ao presidente e, ao ser questionado se estaria sendo cotado para substituir Regina na Secretaria de Cultura, o ator ri e afirma que está disponível para qualquer coisa que o presidente precisar.

No começo deste mês, a revista Crusoé, conhecida como porta-voz da operação Lava Jato, afirmou que a ex-secretária teria dito a uma assessora acreditar que está sendo dispensada. O estopim do temor de Regina Duarte teria sido o fato do maestro Dante Henrique Mantovani ter sido reconduzido ao cargo de presidente da Fundação Nacional de Artes (Funarte).