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O advogado Silvio de Almeida, doutor em direito pela USP e presidente da Instituto Luiz Gama, fez uma sequência de tuítes nesta sexta-feira (7) resgatando trechos do seu livro "O que é racismo estrutural", lançado em 2019.
A sequência de publicações foi feita em meio às discussões em torno do comentário feito pelo apresentador Rodrigo Bocardi sobre o atleta de polo aquático Leonel Diaz.
Confira:
"Pensar o racismo como parte da estrutura social não retira a responsabilidade individual sobre a prática de condutas racistas e não é um álibi para racistas.
Consciente de que o racismo [...] não necessita de intenção para se manifestar, por mais que calar-se diante do racismo não faça do indivíduo moral e/ou juridicamente culpado ou responsável, o silêncio o torna ética e politicamente responsável pela manutenção do racismo.
O racismo como ideologia molda o inconsciente. Dessa forma, a ação dos indivíduos, ainda que conscientes, 'se dá em uma moldura de sociabilidade dotada de constituição historicamente inconsciente'.
Ou seja, a vida cultural e política no interior da qual os indivíduos se reconhecem enquanto sujeitos autoconscientes e onde formam os seus afetos é constituída por padrões de clivagem racial inseridos no imaginário e em práticas sociais cotidianas.
O racismo constitui todo um complexo imaginário social que a todo momento é reforçado pelos meios de comunicação, pela indústria cultural e pelo sistema educacional.
Após anos vendo telenovelas brasileiras, um indivíduo vai acabar se convencendo de que mulheres negras têm uma vocação natural para o trabalho doméstico, que a personalidade de homens negros oscila invariavelmente entre criminosos e pessoas profundamente ingênuas.
O racismo é uma ideologia, desde que se considere que toda ideologia só pode subsistir se estiver ancorada em práticas sociais concretas". Em suma: a ideologia se perpetua porque há um sistema econômico, político e jurídico que perpetua a condição de subalternidade do negro.
Como indivíduos, duvidar das certezas que organizam nosso mundo é o primeiro passo para romper com a ideologia racista. Por isso, ao invés de pressupor o que faz o menino negro que veste azul, é ético deixar que ele fale de si e diga, como ser humano, quem ele é.
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